Trabalhadoras rurais são despejadas de ocupações no RS

As trabalhadoras rurais Sem Terra que haviam ocupada a área da empresa Aracruz Celulose, em Eldorado do Sul (RS) foram despejados ontem, dia 8, pela brigada militar da região, sem nenhum mandado oficial de desocupação. As trabalhadoras de outros três latifúndios, ocupados na última terça-feira, também sofreram despejo na tarde de ontem.

As áreas ocupadas pertenciam as transnacionais Aracruz Celulose, Votorantim, Stora Enso e Boise, que possuem diversas áreas na região da bacia hidrográfica do Rio Guaíba, todas destinadas à produção de eucalipto para celulose. É uma região rica em água doce, com fácil escoamento pela proximidade com o Oceano Atlântico e com a capital do estado, Porto Alegre.

Antes da desocupação, alguns trabalhadores já haviam sido presos, no dia 6, quando saíram da área para buscar água potável para mulheres e crianças. Eles haviam negociado a saída com membros da brigada militar, que não cumpriram o acordo. No local não havia água potável, sendo um pequeno açude, a única fonte de água para as famílias.

Mulheres e crianças passaram a ferver a água do açude para beber. Além disso, por duas vezes, no dia 6, sem nenhum mandado sobre desocupação, a brigada investiu contra as mulheres e crianças, criando um clima de medo. Em uma das investidas, a cavalaria fez uma ofensiva contra as trabalhadoras, na tentativa de intimidá-las. Mas com a resposta e o enfrentamento das mulheres, os policias da brigada foram obrigados a recuar.

Em nota a Via Campesina, alegou que os fatos demonstram a organização e a capacidade das mulheres de irem para o enfrentamento ao capital transnacional, exigindo que as terras sejam prioritariamente cultivadas com alimentos para o povo brasileiro, e não com celulose para exportação.

As mulheres exigem Reforma Agrária, igualdade nas relações de gênero, fim da violência contra a mulher e fim da proteção estatal sobre as empresas que promovem o “deserto verde”. “Nós defendemos um projeto de agricultura camponesa, centrado nas pessoas, nas necessidades humanas, e não na acumulação de lucro de algumas megaempresas”, afirma a nota.