Centro de Trabalho Indigenista divulga carta em resposta à revista Veja
Instituição conhecida e respeitada pelo trabalho que desenvolve há 27 anos não só com os índios Guarani, mas também com outros povos indígenas, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) divulgou carta denominada “Terra Indígena Morro dos Cavalos e Veja – desinformação e má fé”. Trata-se de uma resposta à reportagem publicada pela revista na edição de 14 de março, que o CTI qualifica de “má fé, deturpação inescrupulosa de fontes, preconceitos raciais e étnicos”.
Entre as diversas investidas contrárias a demarcação da Terra Indígena Morro dos Cavalos, do povo Guarani em Santa Catarina, a matéria veiculada pela Revista Veja (edição 1999 de 14/03/2007) intitulada “Made in Paraguai” é a mais perniciosa já apresentada, pois multiplicada pela escala da propaganda massiva, desinforma e possivelmente resultará em reações favoráveis e de indignação, todas motivadas, infelizmente, pelas mentiras grosseiramente alardeadas.
Às investidas desqualificadas do repórter não cabem respostas neste momento. Importa informar sobre o desencadeamento dos fatos que antecedem tal matéria. No final de fevereiro de 2007, um repórter da Revista Veja remeteu, via e-mail, uma série de questões tendenciosas à coordenadora do GT de Identificação e Delimitação da TI Morro dos Cavalos, Maria Inês Ladeira antropóloga do CTI – Centro de Trabalho Indigenista, questões estas baseadas em informações e documentos deturpadamente interpretados.
Como se pode constatar, a matéria veiculada na revista superou as piores expectativas possíveis, mesclando má qualidade, má fé, deturpação inescrupulosa de fontes, preconceitos raciais e étnicos, além de falsidade deliberada em imputar à antropóloga e coordenadora do GT de Identificação da Terras Indígena, a autoria de atos e afirmações inverídicos.
O mais grotesco, porém, se não fosse trágico, é o oportunismo do autor, ao tentar tirar proveito da crítica situação fundiária dos Guarani Kaiowa no Mato Grosso do Sul (que vivem na região de fronteira com o Paraguai), contrapondo-os aos Guarani Mbya e Nhandéva, e a outros povos indígenas citados na matéria. Tal oportunismo está explícito na chamada do artigo: “A Funai tenta demarcar área de Santa Catarina para índios paraguaios, enquanto os do Brasil morrem de fome”.
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Para ler o e-mail com perguntas enviado pelo repórter da revista á antropóloga Maria Inês Ladeira e as respostas que ela deu clique aqui.