Infiltrados tumultuam manifestação em favor do Velho Chico

O ato simbólico de enterro do Projeto de Transposição do Rio São Francisco, realizado hoje, dia 15, em frente ao Ministério da Integração Nacional foi desvirtuado por um incidente provocado para tirar o foco do real objetivo dos manifestantes: chamar a atenção do Executivo, que não tem dialogado com as lideranças dos movimentos e organizações sociais sobre o projeto. O ato foi promovido pelas entidades que integram o Acampamento “Pela Vida do Rio São Francisco e do Nordeste, contra a transposição”.

Durante o ato, uma das portas de vidro do Ministério foi quebrada. Segundo integrantes da coordenação da atividade, a quebra foi provocada por duas pessoas que, sob o comando da Polícia Militar, estavam infiltrados no acampamento desde o seu início. Em meio ao protesto, um manifestante foi acusado e preso, sem provas, apenas por estar com as mãos machucadas pelos estilhaços de vidro. Contraditoriamente, a própria PM assegurou que a porta teria sido quebrada com os pés. Por não haver provas, ele foi solto no início da tarde.

Além de tomar essa atitude precipitada, policiais quebraram, sem motivo algum, as flechas do Cacique Korobu, do Vale do Javari (Acre), que também protestava pela não-transposição. Ele deve entrar ainda hoje com uma ação judicial.

Na parte da tarde, o movimento a favor do São Francisco prosseguiu dialogando com o poder Judiciário. Representantes do acampamento se reuniram com o ministro Joaquim Barbosa (STF), às 16h. Mais tarde, por volta das 17h, os movimentos se reuniram com o ministro Gilmar Mendes. Ainda nesta quinta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, receberá uma comissão do acampamento. Na pauta, o projeto de transposição do São Francisco e as iniciativas das comunidades tradicionais e das populações locais pela convivência com o semi-árido.

Fazem parte do acampamento pelo Rio São Francisco o Conselho Indigenista Missionário, a Cáritas brasileira, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Centro Pastoral Popular (CPP), Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APIONME), Fórum Permanente em Defesa do Sâo Francisco, Fórum de Sergipe, Frente Cearense por uma Nova Cultura da Água e contra a Transposição e Fórum de Minas Gerais.