Nome da bancada ruralista assume Ministério da Agricultura

O Ministério da Agricultura ficará nas mãos do PMDB – ao todo cinco ministérios devem ir para essa sigla -, afirmou o presidente da legenda, deputado federal, Michel Temer (PMDB-SP), na tarde de ontem, dia 14. Temer deu declarações à imprensa praticamente confirmando o nome de Odílio Balbinotti (PMDB-PR) para o Ministério da Agricultura. Segundo ele, o presidente Lula teria revelado “simpatia” pela possibilidade de o deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR) assumir a pasta.

De acordo com Temer, Balbinotti foi o escolhido de uma lista com cinco nomes que havia sido apresentada ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. O congressista do Paraná desbancou Waldemir Moka (PMDB-MS), o ex-ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB-CE), Tadeu Filipelli (PMDB-DF), ligado ao senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), e Fernando Diniz (PMDB-MG), presidente da sigla nas Alterosas.

Maior produtor de sementes de soja do país, Balbinotti, da cidade de Maringá, Balbinotti já foi filiado ao PSDB, denunciou o esquema dos “pianistas” – que quase levou a cassação dos deputados José Borba (que era do PTB e depois veio a renunciar, já no PMDB, por envolvimento no caso do chamado “mensalão”) e Valdomiro Meger (PFL-PR) em 1998 – e mantém proximidade tanto com o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB) quanto com o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, filiado recentemente ao PR. Balbinotti deve ser recebido por Lula, hoje, 15, antes da reunião do Conselho Político.

História

A história de Balbinotti se confunde com a trajetória de Rondonópolis, no Mato Grosso, hoje considerado o eldorado da agroindústria. Se sua riqueza vem toda de ganhos pela agricultura na cidade matogrossense, seus mandatos de deputado federal são todos da terra onde cresceu, Paraná. Para se ter uma idéia, na última campanha, ele gastou cerca de R$ 3 milhões. Deste montante, R$ 1 milhão saiu de seu próprio bolso.

Em 1980, ele deixou Maringá (PR) e partiu para o Centro-Oeste. Quando chegou em Rondonópolis, fez do município seu principal mercado ao vender sementes para os outros agricultores. Em 2002, seu faturamento atingiu R$ 65 milhões e ainda financiou o maior laboratório de testes de sementes da América Latina (avaliado em R$ 1 milhão).

Dados de 2002 revelam que sua propriedades, só na cidade matogrossense, já apontavam o número de 26 mil hectares. Seus funcionários são munidos de alta tecnologia de comunicação, como rádios.

Em falar em comunicação, o site da Transparência Brasil mostra que seu nome consta como proprietário da Rádio Educadora. Sua declaração de bens à justiça eleitoral soma R$ 40.483.057,00. O Deputado ainda é acusado de falsidade ideológica e crime contra a fé pública pelo Supremo Tribunal Federal. Odílio já foi filiado no PFL (quando foi prefeito de Barbosa Ferraz, no PR), PDT e PSDB, legenda que permaneceu até 2003 quando adentrou ao PMDB e tornou base do Governo Lula. Antes, era base do Governo FHC.

O mais novo ministro da agricultura é uma grande surpresa para todos os parlamentares do Núcleo Agrário do PT. Não era um nome cogitado, mas é um nome complicado para os movimentos sociais do campo. Seus financiamentos vêm de grandes empresas agrícolas e bolsas de valores. Mas o deputado, que está em seu quarto mandato, também financiou campanhas, como a do deputado Homero Pereira (PR-MT) que também é presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso. Suas proposições são alinhadas à bancada ruralista, o que dificultará muito as ações dentro do Ministério.

com informações da Carta Maior