Sem Terra voltam ao Iterj para cobrar promessa de secretário
Quinze dias após a primeira ocupação, quarenta famílias Sem Terra do acampamento Terra Prometida estão de volta à sede do Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (Iterj) desde a manhã de ontem, dia 20. Os trabalhadores rurais pretendem pressionar o Governo do estado a cumprir suas promessas. Eles estão dispostos a permanecer no local, apesar da presidente do Iterj, Célia Ravera, ter ameaçado despejá-los.
As famílias chegaram ao órgão no dia 06 e permaneceram por dez dias, até 16 de março, depois que secretário de Habitação, Noel de Carvalho, prometeu que o dinheiro necessário para a obtenção da fazenda Sempre Verde seria liberado. Em documento da secretaria, Carvalho garantiu que a decisão
seria publicada no Diário Oficial entre sexta-feira e esta segunda.
Como os recursos não foram encaminhados, as famílias voltaram ao órgão estadual. Agora, afirmam que só saem quando a verba for depositada. Na manhã de hoje, dia 21, outros Sem Terra se juntaram à manifestação.
Os Sem Terra estão ocupando os corredores do órgão público. O ato é pacífico e visa protestar contra as condições em que os agricultores estão vivendo desde março de 2006, quando foram transferidos de Santa Cruz para Nova Iguaçu devido a um acordo que envolveu o governo do Estado, governo federal e a Companhia Siderúrgica do Atlântico, que visava as terras onde
os Sem Terra viviam desde 2000.
Para permitir a construção da siderúrgica da alemã Thyssen Krupp, o governo federal doou as terras, que pertenciam à Comissão Nacional de Energia Nuclear, para o governo estadual. Este se responsabilizou pela retirada das famílias que viviam e produziam alimentos na região em troca
da compra de outras terras nas mesmas condições e de infra-estrutura para a instalação de um assentamento.
No entanto, apesar de as famílias terem cumprido o trato e deixado a área, o governo ainda não cumpriu sua parte. Falta liberar recursos para obter a terceira fazenda para abrigar os agricultores e providenciar a infra-estrutura necessária para que os Sem Terra vivam no local. No acampamento onde estão alojados, não há saneamento básico, eletricidade nos barracos (que estão apodrecendo) e a estrada está em péssimas condições.
Na última semana, entidades como a ONG Justiça Global se engajaram na luta enviando manifestos de apoio à luta dos Sem Terra para a secretaria de estado de Habitação e o Iterj.