Acampados festejam assentamento no Mato Grosso do Sul
A luta pela reforma agrária no Mato Grosso do Sul deu mais um passo significativo. No dia 3 de março de 2007, no município de Itaquiraí, sul do estado, um grande ato público selou a aquisição da fazenda Santo Antônio, pertencente ao grupo Bertin, pelo Incra, a qual há exatos dez anos foi ocupada pela primeira vês pelo MST.
Milhares de pessoas, integrantes e simpatizantes dos movimentos sociais ligados ao campo, prestigiaram a entrega simbólica dos 16 mil hectares para a Reforma Agrária, onde cerca de 1.500 famílias serão assentadas, ou seja, algo em torno de 6.000 pessoas. No ato estiveram presentes diversas autoridades, dentre elas vereadores e prefeitos da região, deputados estaduais e federais e ainda dois dos três senadores do estado.
Em 1997 foi realizada a primeira ocupação desta área pelo MST. Cerca de 2.600 famílias, do acampamento “8 de Março”, acamparam na fazenda exigindo a sua imediata desapropriação, daí em diante foi travada uma verdadeira batalha judicial pela sua posse. Esta ocupação, de tão relevante importância, culminou no surgimento de cerca de 10 outros assentamentos distribuídos por todo o estado, porém a Santo Antonio continuava sendo um latifúndio, hoje finalmente foi efetivada a sua aquisição pelo governo federal para enfim destiná-la à reforma agrária.
Segundo a coordenação do MST, esta área é carregada de simbolismos, pois resgata a dignidade de um povo que a uma década aclama pelo direito de viver decentemente. Tadeu Delgado, que fez parte da primeira ocupação da fazanda, destaca que “foram muitos os companheiros presos, perseguidos, caçados e até mesmo mortos no decorrer desta luta, e a desapropriação da Santo Antonio reforça que a luta não foi em vão”, afirma.
Com esse montante de famílias assentadas, Itaquiraí passa a ser um dos municípios do estado com maior número de assentados, o que proporciona um crescimento significativo na economia local e da região. A realização da reforma agrária na fazenda Santo Antonio reflete ainda no campo social, pois retira uma gama de famílias, sem perspectiva alguma de vida, da margem da sociedade, proporcionando uma efetiva inclusão social.