Trabalhadores Sem Terra deixam área em Nova Santa Rita
O MST saiu, na manhã dessa segunda, da Granja Nenê, área que ocupava no município de Nova Santa Rita, região metropolitana de Porto Alegre. As cerca de 700 pessoas que estavam no local agora estão acampadas em uma área cedida pelo assentamento Santa Rita de Cássia, que fica ao lado da granja.
A integrante da direção estadual do MST, Ana Hanauer, conta que o despejo, apesar de ter sido pacífico por parte dos sem terra, teve uma abordagem truculenta por parte da Brigada Militar.
“Nós fomos notificados pela juíza hoje de manhã e já veio o aparato da Brigada para fazer o despejo. Uma postura muito truculenta, sem negociação, e que a única conversa que tinha era sair. Nós tivemos que entregar todas as ferramentas de trabalho, o que é muito humilhante. Então, as famílias decidiram sair pacificamente”, relata.
A ocupação de Nova Santa Rita foi a última a sofrer despejo da polícia. Na semana passada, os setecentos sem terra que estavam na sede da Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, foram retirados à força do local, resultando em um trabalhador baleado nas costas. Na última sexta-feira, as famílias que ocupavam a Estância Pantano, em Pedro Osório, região Sul, foram despejadas. Em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Estado, as 350 pessoas que marcham em direção à Fazenda Southall devem continuar com as panfletagens realizadas no centro da cidade.
Apesar dos despejos, Ana Hanauer afirma que o MST continuará realizando mobilizações no Estado pela desapropriação das fazendas Southall e Guerra e pelo assentamento das 2,5 mil famílias gaúchas acampadas.
“Até agora, nem o governo do Estado e nem o Federal se posicionaram em relação a políticas para reforma agrária. Eles têm apoiado e financiado somente o agronegócio. Pelo contrário, além de não terem política para reforma agrária, tratam a questão com o caso policial”, diz.
Nessa terça-feira, o MST deve realizar novos protestos no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil para marcar o dia 17 de Abril, data em que 19 trabalhadores rurais foram assassinados pela polícia no ano de 1996 em Eldorado dos Carajás, no Pará. No Rio Grande do Sul, os protestos pretendem denunciar o aumento da repressão policial sobre os sem terra.
Coletiva
Hoje, às 14h, MST dará uma entrevista coletiva no auditório da CUT-RS, a fim de esclarecer as mobilizações que ocorrerão amanhã, dia 17, no Estado e pautar a truculência da polícia nos despejos, que resultou em um companheiro baleado nas costas na Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, norte do Rio Grande do Sul.