Estudantes mantêm ocupação na Reitoria da USP
Desde quinta, 3 de maio, cerca de 400 estudantes da Universidade de São Paulo (USP) estão ocupando a Reitoria da universidade. Eles estão em luta contra os decretos do governo José Serra, pela contratação de mais professores, pela ampliação da moradia estudantil, melhores estruturas nos prédios e pelo fim de todos os processos jurídicos e administrativos conta estudantes e funcionários.
Os estudantes iriam participar na quinta-feira, de uma audiência pública, mas apesar de ter confirmado presença, a reitoria não enviou nenhum representante. Os estudantes presentes deliberaram por entregar uma carta de reivindicações, mas foram impedidos pela guarda universitária que bloqueava o acesso ao prédio. A ocupação foi a única opção.
Após algumas horas de ocupação, o vice-reitor, professor Franco Lajolo, aceitou receber uma comissão de estudantes. Ele aceitou comparecer a uma nova audiência, mas não deu qualquer resposta às reivindicações estudantis. Não houve nenhuma garantia de que a reitoria se manifestaria contra os decretos, ou de que haveria medidas para a contratação de professores e a ampliação da moradia. Frente a isso, os estudantes, reunidos em plenária, decidiram manter a ocupação.
Os estudantes reivindicam que a reitoria se posicione publicamente sobre os decretos do governo José Serra, que atenda às necessidades de moradia estudantil em todos os campi; que haja contratação de mais professores; que haja uma reforma de infra-estrutura e que seja realizado uma reunião do Conselho Universitário aberta e com todos os decretos em pauta.
Além dessas reivindicações, os estudantes também propõem mudanças nas regras de jubilamento de estudantes, acesso a estudantes e funcionários do Plano de Metas dos cursos e departamentos; autonomia nos espaços geridos pelos estudantes; liberdade para manifestações culturais dentro dos campi e pela retirada da polícia do interior do campus.
Em nota divulgada aos movimentos sociais, os estudantes convidam toda a comunidade acadêmica a participar da ocupação. “A ocupação é aberta a quem quiser participar!”, diz o documento.
Governo Serra
Desde o início de seu governo, o governador José Serra já impôs vários decretos que restringem a autonomia do ensino superior paulista. Eles suspendem por tempo indeterminado a contratação de professores e funcionários; alteram a composição do conselho de reitores, que agora passa a contar com três secretários de Estado; transfere a gestão do orçamento das universidades para a Secretaria de Finanças do Estado; e fragmenta a educação, pois coloca o ensino básico, as universidades públicas, e o Centro Paula Souza (Fatecs e ETEs) em três secretarias de Estado diferentes.
De acordo com estudantes da USP que participam das mobilizações, os decretos têm como objetivo aprofundar um processo, que já vem acontecendo nos últimos anos, de sucateamento e privatização da universidade, de expansão de vagas sem expansão proporcional de recursos, e de fortalecimento de pesquisas operacionais e voltadas para o mercado.
Os prejuízos causados pela implementação de políticas como essas podem ser vistos pela falta cada vez maior de contratação de professores. Nos últimos 12 anos, enquanto os estudantes de graduação da USP foram de 35 mil para quase 50 mil, o número de professores permanece o mesmo, cerca de 5 mil, e o número de funcionários diminuiu, de 18 mil para 15 mil. As conseqüências são sentidas no cotidiano dos estudantes, que enfrentam salas de aula cada vez mais lotadas e não conseguem matrícula nas disciplinas em que se inscrevem, até mesmo em obrigatórias.