Pesquisadores defendem políticas públicas e Reforma Agrária

O vice-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Osvaldo Russo, criticou a idéia defendida por intelectuais e setores políticos de que o Brasil não precisa mais de Reforma Agrária e que a democratização da terra está ultrapassada, na abertura do Encontro Terra e Cidadania, na terça-feira à noite, no Paraná.

Segundo o ex-presidente do Incra (1993/94), a necessidade da reforma agrária “é mais atual que nunca”. Entre as medidas necessárias, aponta a atualização dos índices de produtividade das fazendas e criação de uma lei que acelere as imissões de posse. Além disso, defendeu a retomada do conceito constitucional de “função social da terra” e estabelecimento de limites no tamanho das fazendas.

Para o diretor-presidente do Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), José Antônio Peres Gediel, além da dividir as terras, o governo deve criar políticas públicas para dar condições para a produção dos pequenos agricultores.

O integrante da coordenação da Via Campesina e do MST no Paraná, Roberto Baggio, disse que o país ainda padece com o problema da monocultura, da agroexportação e do trabalho escravo. Para ele, a solução é a mudança do atual modelo agrícola com a realização da reforma agrária.

“Só luta pela terra quem ainda tem coragem de exercer essa valorosa profissão”, definiu o secretário do Meio Ambiente de Recursos Hídricos do Paraná, Rasca Rodrigues. Ele chamou atenção para a necessidade dos governos estaduais e federal garantir o acesso terra e a cidadania aos trabalhadores rurais.

Mais de 600 pesquisadores da questão agrária e representantes de movimentos sociais do campo participam do Encontro Terra e Cidadania, no Memorial de Curitiba, no Paraná. O evento começou na terça e segue até sexta-feira, sendo organizado pelo ITCG, autarquia da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, em parceria com a ABRA.

Crise energética

O ex-ministro da Economia do Chile, no governo Salvador Allende, José Cademartori, denunciou no seminário que a atual forma de produção agrícola está contaminando o meio ambiente de forma devastadora, agravando os problemas globais.

“É preciso reduzir a emissão de gases na atmosfera, como hidróxido de carbôno, ao contrário aumentarão as infermidades por causa devido aos problemas climáticos”, alerta.

Atualmente 40% do consumo energético mundial é baseado no petróleo. Cademartori aponta como alternativa a diversificação de fontes primárias de energia para barrar a contaminação.