Trabalhadores lutam por seus direitos em Curitiba
Com o lema “Nenhúm direito a menos!”, cerca de 500 militantes de vinte organizações, entre centrais sindicais, associações, pastorais sociais e movimentos sociais, saíram as ruas de Curitiba (PR) para participar da Jornada de Luta em defesa dos direitos sociais dos trabalhadores do campo e da cidade, nesta quarta-feira, dia 23.
O ato teve início as 9 horas, com concentração dos militantes na Praça Santos Andrade. Em seguida, a passeata seguiu até a Delegacia Regional do Trabalho, onde foi realizado um ato público. De lá, a marcha continuou até a Boca Maldita para mais uma manifestação. No encerramento da paralisação houve um de protesto em frente à Associação Comercial do Paraná (ACP) para denunciar a atitude da entidade, que defende a precarização das relações de trabalho, com o fim dos direitos previstos em Lei (CLT e Constituição Federal).
A principal reivindicação das categorias é a manutenção do veto presidencial à emenda 3, elemento surpresa incluído no Projeto de Lei que criou a Super-Receita (fusão do caixa tributário federal) pela bancada dos empresários no Congresso Nacional. Se o veto for derrubado, os patrões podem transformar os empregados com carteira assinada em pessoa jurídica, acabando com o fundo de garantia, férias remuneradas, vale-alimentação e transporte, entre outros direitos trabalhistas.
Durante o protesto os trabalhadores deixaram claro que estão dispostos a caminhar rumo à Greve Geral para preservar os direitos trabalhistas, o direito a greve, exigir mudanças na política econômica, reforma agrária, educação pública de qualidade e defesa do meio ambiente.
Segundo o Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Roni Anderson Barbosa, a paralisação mostra a resistência dos trabalhadores do campo e da cidade na luta pela manutenção dos direitos trabalhistas. Barbosa também chama atenção do governo para a necessidade de investir em políticas públicas de educação. “Estamos mais uma vez na rua protestando contra o congelamento dos salários dos servidores públicos, pelo direito de greve, por uma previdência pública universal e gratuita a todos os trabalhadores”. Alerta, que as manifestações podem se repetir ao longo do ano, caso o veto da emenda 3 seja derrubado ou os direitos dos trabalhadores sejam restringidos, ainda mais.
A representante da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), Rosy Leny, analisa que a Jornada Nacional conseguiu unificar estudantes e trabalhadores e acredita que, esta não é uma luta apenas contra a emenda 3, mas contra todos os ataques realizados contra os direitos trabalhistas. Denuncia ainda, o projeto da Reforma Universitária que defende a privatização das universidades públicas, com o financiamento de empresas privadas. “A Reforma Universitária segue a lógica do mercado, usando a universidade pública para suprir as demandas desse mercado”, alerta.
Para o auditor do trabalho, Luiz Felipe Bergmann, a precarização do trabalho já vem sendo prática desde o governo Collor e agora está sendo aprofundada pelo governo Lula. Como prova disso, ele cita más condições de trabalho, o aumento desenfreado da terceirização, o acúmulo de funções e a dupla jornada de trabalho realizada pelos trabalhadores para que consigam sustentar suas famílias.
A pauta de reivindicações também protesta contra a criminalização dos movimentos sociais, exige a democratização da comunicação e a anulação do leilão de privatização da Vale do Rio Doce (CVRD). O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Edson Bagnara, ressaltou que é preciso manter os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais para não aumentar o desemprego e a miséria no país. Bagnara afirmou ainda que a Reforma Agrária é uma política indispensável para o campo e para a cidade, porque diminui o inchaço das periferias nos grandes centros, gera emprego e produz alimentos de qualidade para o abastecimento das cidades.
Participaram da Jornada de Luta a Central Única dos Trabalhadores (CUT ), União Nacional dos Estudantes (UNE), Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Assembléia Popular, Marcha Mundial de Mulheres, Pastorais Sociais, Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Conlutas, Intersindical, Central de Movimentos Populares (CMP), Confederanção Nacional das Associações de Moradores (Conam), Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefúria), Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores (Cepat), Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Associação dos Servidores do Ibama do Paraná (ASIBAMAPAR), Terra de Direitos, Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e Movimento Passe Livre.