Trabalhadores Sem Terra ocupam Incra em Mato Grosso

Cerca de 400 trabalhadores ocuparam hoje, a sede da superintendência regional do ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Cárceres, Mato Grosso. Ontem, dia 23, os trabalhadores Sem Terra conseguiram audiências com o juiz federal, prefeitura e reitoria da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), depois de trancarem durante toda a manhã, a ponte sobre o Rio Paraguai, na BR 070.

Os trabalhadores querem que o Incra indique um procurador específico para a região de Cárceres, tendo em vista que a área é de fronteira, e que, portanto, demanda maior estudo dos processos e para encaminhar as questões para os órgãos estaduais e federais.

“É uma região de fronteira, com muita terra pertencente a União, afirma José Geraldo, da coordenação estadual do MST. Os trabalhadores rurais Sem Terra devem permanecer no Incra até que o pedido seja atendido. “Não temos dada para sair, vamos ficar até que o Incra nacional envie um procurador específico para nossa região”, disse.

Ontem pela manhã os trabalhadores trancaram a ponte sobre o Rio Paraguai, na BR 070, que dá acesso à Venezuela e a Colômbia. A ação fez parte da Jornada Nacional de lutas, que envolveu trabalhadores em todo país e tinha como principal objetivo impedir o fluxo de produção e de capital na região. Depois da mobilização, os trabalhadores Sem Terra foram recebidos em audiências para discutir a Reforma Agrária na região.

Os trabalhadores participaram de uma audiência com o juiz federal, Paulo Sodré, para agilizar o parecer que decidiria se a fazenda São Paulo, que está sob posse de Paulo Mendonça, é área pertencente à União. De acordo com José Geraldo, com parecer do juiz – que julgou a área como pertencente a União – agora cabe ao Incra utilizá-la para a Reforma Agrária.

Um grupo de Sem Terra esteve reunido com representantes da prefeitura de Cárceres para cobrar obras de infra-estrutura para os assentamentos da região. A prefeitura comprometeu-se a agilizar as obras de construção de cincos pontes e a construção de 40 quilômetros de estradas que dão acessos aos assentamentos. Além disso, os trabalhadores também conseguiram a reforma do posto de saúde e a recuperação de 160 quilômetros de estradas no município.

Outra reivindicação dos trabalhadores é a retomada do curso de agronomia, realizado pela Unemat. O curso está parado porque a entidade jurídica que responde pelo convênio não fez a prestação de contas. Os trabalhadores foram recebidos pelo vice-reitor da Universidade e mais oito pró-reitores, que se comprometeram a resolver a situação para que a 5ª etapa do curso seja reiniciada.

Além das pautas específicas da região de Cárceres, as entidades participantes também aproveitaram para questionara a atual política econômica do governo federal, se manifestar contra as reformas neoliberais que retiram direitos dos trabalhadores e cobrar moradia, Reforma Agrária, emprego e políticas sociais.

Além do MST, participaram dos protestos de ontem Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Bienes, as paróquias Cristo Trabalhador e Santíssima Trindade, a Pastoral Carcerária de Cárceres, o Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Federal (Sinacefe-EAFC), a Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintebe), Fórum de Luta das Entidades Carcerenses (Flec), além de estudantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e outras movimentos.