MST acampa em solidariedade a trabalhadores da CSN
Em apoio aos metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cerca de 60 trabalhadores rurais Sem Terra montaram acampamento na Praça Juarez Antunes, em Volta Redonda, desde a última sexta-feira, dia de deflagração da greve. Hoje, dia 4, os trabalhadores votaram pela manutenção da paralisação.
Os acampados reforçam o piquete em solidariedade aos 7.000 trabalhadores em greve. A empresa teria aberto buracos em cercas para permitir a entrada de “fura-greves”. Mas os espaços já estão bloqueados por piquetes. “A presença do MST fortalece o nosso movimento. A luta dos operários da CSN e a luta dos trabalhadores Sem Terra é a mesma: por reforma agrária, por melhores condições de vida no campo e na cidade. Esse acampamento consolida a unidade”, avaliou Tarcísio Pereira, advogado e assessor jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos.
Hoje, pelo menos 4.000 pessoas votaram pela continuidade da suspensão das atividades. Mais de 6.000 metalúrgicos participaram da assembléia que decidiu entrar em greve na semana passada. Os grevistas pedem a reposição histórica das perdas, além do reajuste de 3,4% (de acordo com o INPC) e aumento real de 6%. Eles denunciam que têm sofrido repressão pela empresa, inclusive com ameaças de demissão. A proposta da CSN rejeitada pelos empregados previa um reajuste salarial de 5%, incluído o INPC, além de abono de R$ 2 mil.
A última greve dos trabalhadores da metalurgia foi no início da década de 90, em reação ao processo de privatização da antiga estatal. De lá para cá, os salários tiveram defasagem de 33%. No dia 23, dia da Jornada Nacional em defesa dos direitos dos trabalhadores e pela Reforma Agrária, os funcionários da Companhia já haviam suspendido o expediente por algumas horas em protesto.
O MST, bem como a Comissão Pastoral da Terra e outros movimentos, participam do Comitê Popular em apoio aos trabalhadores.
A CSN foi lançada em 1941 pelo presidente Getúlio Vargas e inaugurada em 1946. Por ser considerada unidade fabril de interesse militar, destinada à produção de aço com aplicação bélica, no início, seus trabalhadores não tinham direito a férias, nem podiam se ausentar do trabalho por mais de 8 dias, sob pena de serem considerados desertores. Em 1993, no governo Itamar Franco, a empresa foi privatizada.