Servidores federais da UFPR também entram em greve

Pedro Carrano
Brasil de Fato

As trabalhadoras e trabalhadores em educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão em greve. São as cozinheiras do restaurante universitário (RU), os trabalhadores da parte administrativa e funcionários do Hospital de Clínicas (HC), o hospital universitário. Organizados no sindicato local, eles seguem a convocação de greve nacional da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), iniciada na segunda-feira, dia 28, e que já mobilizou 34 universidades. A mobilização nacional tem como pauta o reajuste salarial da categoria. Lutam também para que os hospitais universitários não se transformem em “fundações estatais” – de acordo com proposta do Grupo de Trabalho Interministerial do governo – permitindo a cobrança de consultas e a contratação de funcionários via CLT, no que seria mais um passo rumo à privatização dos serviços do hospital.

Outras pautas têm relação com aquelas exigidas durante a jornada unificada de lutas do dia 23 de maio, contra a perda de direitos trabalhistas. Os servidores das universidades federais são contra a exigência de dois terços da categoria numa assembléia para entrar em greve. São a favor da retirada do projeto de lei (PLP01/07), que limita os gastos do funcionalismo público em 1,5% ao ano, até 2016. Eles comentam que, na esfera federal, o governo pretende aumentar o número de alunos nas universidades federais, porém sem investir em recursos para a estrutura da universidade.

“Globo, venha filmar a fila todos os dias!”

Em Curitiba, o objetivo é paralisar 70% do quadro de servidores do Hospital de Clínicas. “A proposta de cuidar dos pacientes é do governo, a nossa é executar os serviços, para isso temos que ter as condições necessárias”, comenta um servidor, durante assembléia organizada no espaço do HC. Os servidores rebatem as acusações dos meios de comunicação empresariais sobre o prejuízo causado aos pacientes com a greve. No hospital estão colados cartazes questionando: “Globo, venha filmar a fila todos os dias!”. Segundo eles, a falta de recursos faz com que, desde antes da greve, as pessoas fizessem longas filas no hospital e o atendimento fosse precarizado, por falta de funcionários.

De acordo com Bernardo Pilotto, do comando de greve, se a desvinculação for levada a cabo, isso tende a reduzir o número de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e aumentar os atendimentos via planos de saúde particulares. O hospital, afirma, já apresenta serviços desvinculados do Orçamento da União, sustentados por associações particulares ou cobrados da população. E os pacientes sofrem com a mercantilização dos serviços. “Existem pacientes que fazem consulta, mas alguns deles, no caso de consultas ao urologista, por exemplo, conseguem o retorno 16 meses depois, o que torna o tratamento mais demorado”, diz. Atualmente, o hospital recebe verbas para custeio, mas não para manutenção.

Uma enfermeira do HC, que aderiu à greve, lembra que o hospital tem como função atender à população carente. “Tem gente que vem de outras regiões do país, vem do nordeste, para realizar aqui transplante de medula”, comenta.