Desconsiderando problemas ambientais governo aprova retomada de Angra III

Gisele Barbieri,
Radioagência NP

A construção da terceira usina nuclear do país, Angra III – parada há mais de 20 anos – será retomada segundo a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), aprovada recentemente. Na ocasião, o ministério do Meio Ambiente foi contra a decisão.

Mesmo com a autorização para a continuidade da obra, Angra III ainda não apresenta soluções para o problema do armazenamento dos resíduos químicos. O armazenamento provisório destas substâncias como acontece com Angra I e II, pode representar riscos de acidentes nucleares. Como explica Marco Antônio Trierveiler, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

“É uma conseqüência que não tem como negar. Haverá resíduos e o cuidado com estes resíduos é extremamente importante na questão ambiental. Esta questão ambiental ainda se agrava pelo atual momento que a gente vive no mundo. Onde a destruição do meio ambiente é muito grave com o aumento da temperatura”

Para Trierveiler a declaração de Nelson Hubner, ministro interino de Minas e Energia, de que o país irá enriquecer internamente pelo urânio que abastece as centrais nucleares, é uma confirmação da posição de tratar a energia como mercadoria.

“Por trás disto a gente vê todo um jogo que o governo acaba repetindo que é das empresas dizendo que vai faltar energia. Comprovadamente não é verdade. Mas tudo isto reforça as exigências das grandes empresas que hoje comprovam que só querem o lucro, independentemente se essa energia vai causar danos ambientais ou sociais. E o governo infelizmente está fazendo este jogo das grandes empresas.”

A obra ainda espera a licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e deve custar R$ 7 bilhões.