Empresas transnacionais controlam toda cadeia produtiva
Carla Cobalchini,
do Paraná
O investimento dos bancos internacionais em grandes empresas, através da compra de ações, deu origem a grandes conglomerados e verdadeiros oligopólios da agricultura, a exemplo do que aconteceu com o setor energético. A Monsanto, empresa transnacional do setor de agroquímicos, é um exemplo do que se tornou o mercado de alimentos e tecnologia agrícola na atualidade.
Formada por 56 empresas diferentes, a Monsanto é atualmente a maior produtora de herbicidas do mundo. Mas sua expansão não foi cerceada pelos limites da indústria de insumos e agrotóxicos. Para abocanhar outras fatias do mercado agroindustrial, ela também se especializou na produção de sementes. Atualmente, ela produz a semente, vende o adubo, o fertilizante, as máquinas e até o remédio utilizado pelos agricultores que adoecem com o uso dos agrotóxicos.
Enquanto investem em expansão, exigem que o fazendeiro entregue a produção e impõem o preço do produto porque controlam o mercado internacional. Cabe ao fazendeiro entrar com a terra e com a exploração da mão-de-obra, porque quem produz o milho, a soja, o algodão são os empregados, assalariados rurais que ganham salários muito baixos, em geral, dez vezes menos que os europeus.
Para João Pedro de Stedile, da direção nacional do MST, “é o casamento entre as empresas transnacionais, que são parte do capital internacional e financeiro que domina a agricultura no Brasil, e os grandes proprietários de terra, os chamados fazendeiros modernos” que dão sustentação ao agronegócio. O agronegócio é a expressão do ciclo do capital internacional e financeiro na agricultura latino-americana iniciado na década de 1990.
Para se ter uma idéia, no setor de grãos, apenas cinco empresas controlam toda a cadeia, desde as sementes e insumos ao mercado internacional, entre elas a Monsanto, a Cargill e a Bunge. Prova do controle desse oligopólio, foi a queda em 50% do preço da soja, há aproximadamente dois anos, quando a produção chegou a cair 40%, contrariando a leia da oferta e da procura que preconiza a elevação do preço com a diminuição da oferta. Dessa forma, não é o custo que determina o preço do produto, e sim a especulação financeira.
Além da dominação da agricultura, também é característico desse modelo a dominação dos recursos naturais, através da Lei de patentes e privatização da água. Durante sua participação nesta quinta-feira, dia 12, da 6° Jornada de Agroecologia no Paraná, Stedile reafirmou que as velhas conhecidas do mercado internacional ampliam produtos e mercados, “a multinacional Coca-cola já ganha mais dinheiro no Brasil vendendo água do que refrigerante”, diz.