México: governo volta a reprimir movimentos em Oaxaca

Pedro Carrano,
Brasil de Fato

Segunda-feira, dia 16, 10 mil estudantes, professores, membros e simpatizantes da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO) foram impedidos de marchar até o auditório onde todos os anos é feita a Guelaguetza, celebração da troca de produtos comunitária. Herdada da cultura indígena, a Guelaguetza é tradicional do estado de Oaxaca, no México, estado que também é palco de mobilizações massivas desde junho de 2006.

O povo oaxaquenho critica o caráter turístico e elitista que a celebração adquiriu. Por isso promovem uma forma de “guelaguetza alternativa” ao longo desta semana. No dia 16, pretendiam marchar até o auditório oficial do evento.

No último momento, o governador Ulises Ruiz Ortiz (URO) enviou policiais ao local, que provocaram e impediram a passagem dos manifestantes. Houve confronto e bombas de gás lacrimogênio foram lançadas diretamente contra a população. Cerca de 40 pessoas, de ambos os lados, ficaram feridas. Outros 60 manifestantes foram presos. A Liga de Defesa dos Direitos Humanos no México (Limedh) informa que existem ainda 22 detidos ausentes das listas oficiais do estado.

O último confronto massivo entre o povo de Oaxaca e a polícia aconteceu no dia 25 de novembro de 2006, quando foram presas e torturadas mais de 200 pessoas. A repressão policial, naquela mesma semana, desativou a rádio protegida pela última barricada do movimento, desmobilizando a organização popular.

Agora, organizações sociais temem uma nova escalada de terror em Oaxaca. O movimento reivindica que o governo federal de Felipe Calderón cesse a repressão policial e também exige a destituição do governador do estado, Ulises Ruiz Ortiz. A APPO convoca a comunidade internacional a realizar ações em solidariedade para parar o massacre contra os povos de Oaxaca.

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