Em Alagoas, Sem Terra fazem protestos por Reforma Agrária
Cerca de 600 famílias dos movimentos sociais do campo, entre os quais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizaram hoje, pela manhã, no Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural, um ato contra a grilagem de terras e a violência no campo no município de Murici, berço da família do presidente do Senado, Renan Calheiros, envolvido nos últimos escândalos de corrupção.
A mobilização recebeu o apoio de sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sindicatos dos trabalhadores da Educação e da Previdência e percorreu as principais ruas do município denunciando à sociedade alagoana, as ações criminosas, a miséria e a injustiça. O abuso de poder, sobretudo, com a utilização do cartório da cidade para oficializar fraudes e legalizar a grilagem, também foi denunciado.
Durante todo o percurso, o ato foi acompanhando por capanga dos irmãos Calheiros que registravam com fotos a mobilização, inclusive um deles foi reconhecido como um dos agressores que invadiu um acampamento do Movimento Terra e Liberdade (MTL) na região, em fevereiro de 2006, e agrediu dois trabalhadores rurais, o caso continua impune.
Os movimentos sociais realizaram o ato após a ocupação, na tarde de ontem, 24, quando mais de 400 famílias ocuparam a fazenda Boa Vista grilada pelos irmãos Calheiros, após ter sido destinada para fins de Reforma Agrária, quando foi vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2001, e em seguida apareceu como propriedade dos Calheiros.
Na região do agreste, o MST realizou mais uma ocupação de terra, no município de Craíbas, região agreste, onde cerca de 80 famílias ocuparam uma área de 900 hectares, de propriedade de José França, um dos maiores empresário de Arapiraca no ramo de posto de gasolina. A fazenda já tinha sido vistoriada pelo Incra que alegou ser improdutiva.
As ações estão sendo realizadas em cojunto por famílias do MST, MTL e também do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os Movimentos reivindicam a imediata realização da Reforma Agrária no estado de Alagoas, que atualmente conta com 12.000 famílias acampadas a beira de estrada em barracos de lona.