Indígenas enfrentam mais uma retaliação do governo de Pernambuco
Hoje, dia 9, pela manhã a Ilha Assunção, território do povo indígena Truká, em Cabrobó (PE), teve a energia elétrica religada. O abastecimento havia sido cortado na segunda-feira, dia 6. Ontem os indígenas chegaram a derrubar uma das torres e manter técnicos presos. Foi iniciada uma rodada de negociação que tem nova reunião prevista para amanhã.
Segundo as lideranças Truká, o acordo estabelecido entre indígenas e governo do estado – de permitir que as torres de alta tensão ocupassem partes de suas terras e em troca não haver ônus na energia elétrica – foi descumprido. Afirmam ainda que a retaliação acontece porque o povo é o maior produtor de arroz do estado, além disso luta pela demarcação do território, iniciada há mais de 10 anos, na área onde o governo federal tenta construir o eixo norte do projeto de transposição de águas do rio São Francisco.
A Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) alega que a Fundação Nacional do Índio (Funai), teria uma dívida de R$ 14,3 milhões de contas não pagas desde 1984. Entretanto, teve que voltar atrás na decisão do cortar o abastecimento de energia devido a pressão e solicitação do Ministério Público Federal.
Ontem a tarde os índios derrubaram uma das torres de alta tensão e, desse modo, interromperam o abastecimento das cidades de Curaçá e Abaré, na Bahia. Técnicos que trabalham para a Companhia Energética da Bahia (COELBA) ficaram presos na Ilha Assunção até o final da tarde, depois foram liberados.
Na área o clima é tenso e a população ainda tenta entender as ações do governo que podem prejudicar o trabalho dos pequenos agricultores. A região tem a economia baseada nas culturas do arroz e da cebola, a partir da irrigação com água do rio São Francisco. A falta de energia elétrica compromete toda a produção.
A negociação iniciada continua amanhã, em reunião que deve envolver representantes da CELPE, Funai e do povo Truká.