Resistência indígena contra a transposição sofre represália do governo
O Povo Indígena Truká, que resiste na retomada de seu território tradicional contra o projeto de Transposição no Eixo Norte em Cabrobó (PE), a 500 km de Recife, foi surpreendido com o corte da energia elétrica na Ilha de Assunção desde a manhã a última terça-feira, dia 7. A CELPE – empresa de energia elétrica do Estado de Pernambuco – impediu o abastecimento de energia sem aviso prévio à Fundação Nacional do Índio (Funai) e nem à comunidade Truká. A Ilha de Assunção, além de ficar sem energia ficou sem água, uma vez, que o abastecimento é feito através de bombeamento elétrico comprometendo completamente sua subsistência.
As lideranças Truká estiveram em Recife para conseguir uma audiência com as autoridades do governo do Estado, mas, não foram recebidos. “A gente tinha um acordo com o governo para permitir que as torres de alta tensão passassem em nosso território, em contra partida o povo não teria ônus com a energia e esse acordo agora foi descumprido. Além do mais, é nosso povo o maior produtor de arroz do Estado de Pernambuco. O povo precisa da energia para irrigar suas roças que já estão comprometidas. Agora, o governo simplesmente corta a energia sem se quer nos avisar. Entendemos, que essa já é retaliações contra nosso povo por causa do interesse da transposição”. Disse Neguinho Truká, Cacique da Aldeia.
Técnicos são retidos
Na tarde de ontem, técnicos da COELBA – empresa de abastecimento de energia da Bahia – estiveram na Ilha para verificar as torres e ficaram retidos durante mais de quatro horas. O povo indígena exigiu que o governo resolvesse o problema, mas, sem nenhum acordo, os índios resolveram liberar os técnicos da COELBA no final desta tarde.
Derrubada das torres de alta tensão
Como medida de alerta os índios derrubaram no final da tarde uma das torres de alta tensão comprometendo parte do abastecimento de energia da região de Curaçá e Abaré na Bahia. Os índios fecharam a entrada da ponte que dá acesso a Ilha e não permite a entrada de outras pessoas e exige do governo a ligação imediata da energia elétrica. A partir da manhã de hoje, dia 9, caso o governo não resolva a questão, os índios prometem derrubar as próximas torres, a cada meia hora.
Cerca de 500 famílias indígenas estão na retomada de uma terra, para garantir os estudos que comprovam a legitimidade de seu território e exigem o arquivamento do projeto de transposição, além disso, exigem a saída imediata do Exército de sua área tradicional. Mais de 1200 índios entre homens, mulheres, jovens e crianças, estão em vigília acampados na entrada da Ilha de Assunção e exigem do governo a solução para o problema. Junto aos índios somaram-se mais de 400 lideranças Quilombolas da Bacia do São Francisco que realizavam encontro para discutir os problemas da transposição. As Comunidades Quilombolas reassumiram posição contrária a obra e se fizeram solidários a luta de resistência do Povo Truká.
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Fonte: Articulação São Francisco Vivo
Foto: Ocupação em Cabrobó no mês de junho