Assentados cobram implantação de escola técnica no Paraná
Os trabalhadores rurais do MST cobram agilidade do governo federal e estadual na implantação de uma Escola Técnica Federal, no Assentamento Ireno Alves do Santos, em Rio Bonito do Iguaçu, na região central do Paraná.
O projeto vem sendo discutido com o Ministério da Educação, Secretaria de Educação do Paraná e professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, do campus de Dois Vizinhos. Segundo, os assentados há uma grande possibilidade da escola ser implantada em breve.
Para o coordenador dos cursos de agroecologia da Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (ET-UFPR), Valter Roberto Schaffrath, essa região tem uma grande demanda na área da educação que historicamente foi ignorada pelo poder público. “Essa é uma região com os menores índices de desenvolvimento humano do estado, tem uma carência de instituições públicas de ensino. Infelizmente dentro desse plano de expansão atual de ensino técnico, com novas unidades, elas não contemplam essa região”, diz.
A unidade será construída na antiga Vila Velha, dentro do assentamento Ireno Alves. As aulas da primeira turma de pós-médio em agroecologia, com cerca de 40 estudantes, começaram a funcionar de forma improvisada no último dia 16. Cerca de mil assentados participaram do ato de abertura realizado dia 15, no assentamento, que também contou com a presença de várias autoridades estaduais e regionais.
O curso será voltado para a formação em agroecologia, com enfoque em sistemas de Pastoreio Voisin, questão agroflorestal e Permacultura. Os estudantes são filhos de assentados e pequenos agricultores de vários movimentos populares, ligados a Via Campesina.
Segundo o responsável político-pedagógico do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), em Cantagalo, Antonio de Miranda, a idéia é retomar o espaço que estava abandonado e criar oportunidade de educação para o grande volume de jovens, que vivem nos assentamentos da região. “Queremos trabalhar com duas turmas ao mesmo tempo, mas que seja em processo de sistema integrado e pós-médio. Algumas aulas vão ser direto no assentamento com as comunidades, e cada grupo de educandos assumir uma comunidade, pra poder retomar o processo político no assentamento”, diz Antonio.
Enquanto a escola técnica não é implantada, a unidade improvisada no assentamento vai funcionar como extensão do Ceagro, em parceria com aEscola Técnica da UFPR e a prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu. O Ceagro, que conta com ensino técnico em agroecologia há cinco anos, vai transferir parte de sua estrutura para o assentamento e coordenar as atividades dos cursos.
Antonio, explica que além de implantar cursos de médios e pós-médio emag roecologia, no futuro o projeto é avançar para a educação superior, com curso de agronomia e tecnólogo em gestão de cooperativas.
Os Assentamentos Ireno Alves do Santos e Marcos Freire, estão localizados no antigo latifúndio Giacomet-Marodim. Os dois contam com 1.500 famílias que foram assentadas em 1998. A área foi ocupada na madrugada de 17 de abril de 1996, por mais de 3.000 trabalhadores do MST.