Justiça de Juazeiro autoriza reintegração da fazenda Mariad
A Justiça de Juazeiro, na Bahia, emitiu o mandado de reintegração de posse da fazenda Mariad nesta terça-feira, 28. O mandado foi assinado pelo juiz Mário Vivas, que enviou dois oficiais à fazenda, com pedido de saída imediata dos trabalhadores do Movimento dos Sem Terra, que ocupam a área desde domingo. O juiz também nomeou o agrônomo Rogério Alves de Santana, como interventor para começar a trabalhar nesta quarta-feira na fazenda. De acordo com a coordenação do MST, as famílias que ocupam a fazenda se comprometem a deixar o local até o final do dia.
O impasse entre os funcionários da fazenda Mariad, em Juazeiro, e integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) continuava nesta manhã, um dia após o protesto que paralisou a ponte Presidente Dutra, que liga a cidade baiana a Petrolina (PE). A diretora nacional do MST Lúcia Barbosa chegou a Juazeiro hoje cedo para participar de uma reunião entre os representantes de cada categoria e definir os procedimentos que seriam adotados. Os dois lados estavam irredutíveis: o MST dizia que não deixava a fazenda e alegava defender o uso da terra para reforma agrária; enquanto os trabalhadores queriam garantir seus direitos após a interdição da fazenda, apontada por investigação da Polícia Federal como fachada para o tráfico de drogas internacional. A empresa Mariad atua na área da exportação de frutas. A investigação da PF revelou que cocaína era remetida para o exterior escondida em fundos falsos nas caixas de fruta.
Depois da manifestação de ontem, quando a ponte ficou interditada por quase quatro horas, os funcionários da Mariad compareceram para trabalhar nesta manhã, mas não conseguiram entrar na fazenda. Segundo a coordenação do MST – 50 famílias do movimento ocupam o local desde domingo – um dos funcionários da Mariad parou ao lado do portão dizendo que não havia segurança para o trabalho.
A situação causou revolta aos funcionários, que quebraram os vidros de um carro estacionado na entrada da fazenda e queimaram bandeiras do MST. Diretores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro tentaram controlar a situação e conseguiram levar os funcionários até a frente de outra unidade da empresa. Através de sistema de carro de som, os diretores diziam que a situação deve ser resolvida tão logo seja nomeado o interventor. Por determinação da Justiça paulista, a nomeação deve ser feita pela Justiça em Juazeiro.