Não há nada de humanitário nas tropas no Haiti, diz conselheiro da OAB
Vinicius Mansur,
Radioagência NP
Enviado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao Haiti, o conselheiro efetivo da entidade no Rio de Janeiro, Aderson Bussinger, entregará nesta quinta-feira, dia 6, um relatório com duras críticas à atuação naquele país da Missão de Estabilização da ONU, liderada pelo Brasil. Bussinger viajou em uma delegação de representantes de entidades da sociedade civil brasileira com objetivo de verificar as condições sociais e a relação das tropas com os haitianos.
Na opinião do conselheiro da OAB, a intervenção brasileira utiliza o mesmo método das tropas estadunidenses em outros países.
“Se trata de uma presença fundamentalmente militar. Ela não tem, a meu ver, nada de humanitário. O que eu vi no Haiti é que 85% dos componentes destas forças é militar e destinada à atividades repressivas. Então, aquela imagem que é passada aqui, de que é uma força de paz, humanitária, não é assim! Eu não vi construindo escolas, não vi construindo hospitais. Eu conversei com pessoas que foram espancadas pela força nacional e polícia”.
Bussinger afirma que os militares brasileiros responsabilizaram a polícia haitiana pela violência. Porém, ele destacou que as tropas estrangeiras normalmente dão suporte à ação policial. Ele relatou que quando há movimentos reivindicatórios no país a polícia atua na repressão direta, enquanto o exército se movimenta na retaguarda, em uma tentativa de constranger a manifestação.
O representante da OAB questionou a falta de ações humanitárias dos militares, que afirmaram ter realizado basicamente uma campanha de vacinação e a tentativa de cavar alguns poços artesianos. As tropas brasileiras estão a mais de três anos no Haiti.