Ruralistas atiram foguetes contra acampamento do MST

A marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que passa por São Sepé, na região central do Rio Grande do Sul, foi novamente atingida por foguetes jogados por ruralistas na madrugada desta quinta-feira, dia 27. Os barracos de lona foram furados e algumas pessoas foram atingidas pelos disparos. Não houve feridos.

O MST montou acampamento às margens da BR 392, à aproximadamente 20 quilômetros da cidade. Do outro lado da estrada, um grupo de ruralistas atirou foguetes contra os barracos durante a noite, mesmo com a presença da Brigada Militar nas proximidades.

“São os fazendeiros, que gostam de falar em paz no campo, que praticam terrorismo contra as famílias Sem Terra, com a conivência da Brigada Militar”, afirma Irma Ostrosky, da coordenação estadual do MST. No início da manhã de hoje, os integrantes do MST acompanharam um tenente da Brigada Militar, que verificou os barracos furados.

Violência

Desde o início da marcha no Rio Grande do Sul, os trabalhadores rurais Sem Terra têm sido vítimas violência dos ruralistas. Na noite do dia 17 de setembro, um grupo de ruralistas também atirou fogos de artifícios contra as famílias Sem Terra no intuito de intimidá-las. A ação foi realizada quando a coluna, que saiu da cidade de Pelotas, estava na cidade de Bagé. Além de fogos de artifício os ruralistas também depredaram a caixa de luz do parque onde os Sem Terra estavam acampados. Um frei capuchinho que acompanhava a marcha também foi ameaçado de morte, teve o carro depredado e os pneus cortados pelos fazendeiros. Toda ação aconteceu diante da omissão da Brigada Militar.

O defensor público da União em Bagé, Robson de Souza, enviou no dia 18, relatório à Justiça Federal e à Polícia Federal, requisitando inquérito para apurar denúncias dos atentados. Há fotos e vídeos comprovando a ação dos ruralistas desde o início da marcha. A Defensoria recolheu cartuchos e fez fotos. No relatório foram anexadas informações de testemunhas afirmando que os agressores estariam portando armas e teriam cortado a energia do local. Sem mandado judicial, PMs teriam invadido o carro de mantimentos e apreendido utensílios de cozinha. O documento será levado ao Ministério da Justiça e à Secretaria de Direitos Humanos.