Camponeses gaúchos propõem limite para eucalipto
Raquel Casiraghi
da Agência Chasque
Pequenos agricultores de Canguçu, na região Sul, querem limitar o plantio de pínus, acácia e eucalipto no município. Para isso, os camponeses entregaram, na tarde desta segunda-feira,dia 1°, à Câmara de Vereadores, um projeto de emenda popular que altera a Lei Orgânica Municipal. O documento propõe que o plantio de pínus, acácia e eucalipto não ultrapasse a 15% da área nas pequenas e médias propriedades e exige a proibição da atividade em escala industrial, evitando assim as monoculturas. No texto, os agricultores também reivindicam que o plantio nas pequenas propriedades seja para consumo interno e determina distâncias das lavouras em relação a rios, rede de energia, vilas e estradas.
O integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Adilson Schuch, conta que o objetivo da emenda popular é resguardar os pequenos agricultores de Canguçu, que já sofrem conseqüências com a monocultura de pínus, eucalipto e acácia. O agricultor relata que o avanço das multinacionais na região está violento e vem desabrigando produtores diariamente. Adilson acredita que a regulamentação do plantio na região irá assegurar o desenvolvimento econômico e social sem degradar o meio ambiente.
“Infelizmente os governos hoje desconhecem a realidade e acabam criando condições favoráveis e inclusive subsidiando essas empresas, que depois ameaçam as nossas comunidades e expulsam os camponeses do campo. Isso chateia muito as comunidades daqui e faz com que não desistamos de lutar por nossas terras”, diz.
Na manhã desta segunda, cerca de 500 agricultores da região ocuparam uma área da Aracruz Celulose a 5 km da BR-116, entre Canguçu e Cristal. Eles protestaram contra o avanço das multinacionais do setor em Canguçu. Foi o mesmo grupo que, depois, entregou o projeto de emenda popular na Câmara da cidade. “Os agricultores estão protestando porque não concordam com o avanço das empresas de monocultura, como a Aracruz, a Votororantim e a Tanagro, que compram grande parte das terras que são passíveis de Reforma Agrária na região. Considerando que 60% dos agricultores aqui das localidades não têm posse da terra. Por isso é que o MPA tomou a decisão política de que nas regiões em que as comunidades estão sendo ameaças por essas empresas”, argumenta Adilson.