Morre Lygia Prestes, grande combatente comunista
Faleceu no dia 28 de setembro, na cidade do Rio de Janeiro, aos 94 anos, Lygia Prestes, irmã mais moça de Luiz Carlos Prestes. Combatente comunista desde muito jovem, acompanhou o irmão e adotou os ideais comunistas, teve ativa militância tanto no Brasil, onde ingressou nas fileiras do PCB, como no exílio, protagonizando campanhas de libertação de presos políticos.
Ao lado da mãe dona Leocádia Felizardo Prestes participou das campanhas internacionais pela libertação de seu irmão e dos presos políticos do Estado Novo nos 1930/1940 e pela libertação de Olga Benario e de Anita Leocádia, filha de Olga e Prestes, nascida em uma das prisões nazistas.
Esteve exilada, primeiro na Europa (1936-1938) e depois no México, onde ficou junto com a mãe e a pequena sobrinha Anita. Junto com a mãe, Lygia foi três vezes à Alemanha nazista na tentativa de salvar Olga e sua filha. Em janeiro de 1938, Anita foi resgatada pela avó e a tia Lygia da prisão de mulheres de Berlim, onde havia nascido. A participação de Lygia foi decisiva para o sucesso dessa ação, fruto da repercussão alcançada pela Campanha.
A partir da Europa e depois do México, Leocádia e Lygia deram apoio material e moral a Prestes e Olga, não poupando esforços para quebrar sua incomunicabilidade enquanto prisioneiros e melhorar sua situação. Com o falecimento de Leocádia, em 1943, Lygia assumiu a criação e educação de Anita e deu continuidade à Campanha Prestes, inclusive viajando a Cuba com este objetivo. Manteve permanente correspondência com o irmão preso, procurando minorar os seus sofrimentos e enviando-lhe livros e revistas na medida em que isso lhe era permitido pelas autoridades carcerárias.
Com a anistia de 1945, Lygia regressou junto com Anita ao Brasil, ao encontro do irmão, que conquistara a liberdade após nove anos de prisão. A partir de então continuou a dedicar sua vida a dar todo tipo de apoio ao irmão, ocupando-se inclusive da criação de sua filha Anita. Durante longos anos secretariou as atividades de Prestes e contribuiu para a organização de seus livros e papéis.
Os traços mais salientes de sua personalidade eram a firmeza de princípios, sua consciência política, seu entusiasmo pela história da luta pela liberdade e pelo socialismo, e de seu vivo interesse pelas questões políticas candentes na luta contra o fascismo e de resistência à barbárie imperialista.
Seu corpo foi velado na Capela 2 do Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, e o seu sepultamento ocorreu às 14 horas, no Cemitério de São João Batista.