Na Índia, Sem Terra marcham para exigir Reforma Agrária
Depois de percorrer mais de 300 quilômetros desde que deixaram a cidade de Gwalior, no centro norte da Índia, os mais de 25 mil manifestantes chegaram domingo a Nova Deli. Eles prometem realizar atos de protesto na capital indiana com uma manifestação para exigir a redistribuição da terra. Na maioria agricultores de castas baixas ou indígenas Sem Terra, os manifestantes dizem-se esquecidos pelo desenvolvimento econômico do país. O governo já prometeu criar uma comissão para analisar a Reforma Agrária. Uma delegação brasileira, com integrantes do MST também participa da marcha na Índia.
Os manifestantes saíram de Gwalior no dia 2 de outubro, dia nacional da Índia, que marca o nascimento do líder da independência, o Mahatma Gandhi. “Quarenta por cento dos indianos são sem terra e 23% vivem na pobreza”, disse o organizador da marcha, Puthan Vithal Rajgopal.
Os manifestantes protestam contra vários projetos industriais apoiados pelo governo e que obrigaram muitas famílias a abandonarem as terras. O método já funcionou: a construção de uma indústria petroquímica e de um estaleiro na zona leste do país foi cancelada após um protesto, no qual morreram 14 agricultores.
Estas condições levaram à revoltas em 172 dos 600 distritos indianos. “As revoltam levaram os agricultores a matarem-se uns aos outros”, explicou Rajgopal. E acrescentou: “Por isso queremos perguntar ao governo onde estão os frutos das suas reformas”. Os manifestantes exigem a criação de uma entidade nacional que supervisione a reforma da terra e de tribunais que resolvam as disputas territoriais.
Na maior parte da Índia, a terra é propriedade das castas altas. Aos agricultores de casta baixa, juntaram-se 25 grupos tribais, num protesto que culmina frente ao Parlamento em Nova Deli. Ao entrarem na capital em filas ordeiras, os manifestantes gritaram: “Queremos terra! Queremos água!” Segundo a BBC, a marcha primou pela disciplina: os Sem Terra estavam organizados em grupos de cem pessoas para comer, caminhar e cantar.
Chegados ao coração da capital, prometem agora lutar contra os políticos corruptos e as grandes empresas que lhe retiraram as terras. Para tal contam com o apoio de três dezenas de estrangeiros. É o caso de Ivan Nutbrown, um britânico que trabalha para uma ONG e disse à BBC: “Sem Terra, as pessoas são obrigadas a migrar, o que aumenta a densidade populacional e os níveis de poluição nas zonas urbanas”.
Com informações do Diário de Notícias