Boletim do site Migalhas questiona artigo do presidente Lula publicado hoje

O presidente da República Luis Inácio Lula da Silva assina o artigo publicado hoje, dia 9, no jornal Folha de S. Paulo. No artigo intitulado “A Comunidade Ibero-Americana”, o presidente da República fala sobre a reunião entre os chefes dos países, que estão reunidos no Chile para debater propostas de políticas públicas capazes de fomentar a coesão social.

Na tentativa de exaltar as ações do governo federal, o presidente Lula superestima as políticas de proteção social do governo brasileiro, entre as quais o Bolsa Família, que em suas próprias palavras “beneficia 11 milhões de famílias” e mais, coloca os agrocombustíveis como solução ao problema da falta de energia e sustentabilidade. Segundo ele, “os biocombustíveis têm forte impacto social, geram empregos, criam renda e evitam o empobrecimento rural e a urbanização desordenada”.

Na página Migalhas na internet dois comentários resume bem o que seria esse impacto social provocado pela transformação do país num produtor em larga escala dos agrocombustíveis. Dizem assim:

Artigo

O presidente da República assina artigo hoje na Folha de S.Paulo. Como novo Guevara, ele fala da integração ibero-americana. No miolo no texto, que dão como de sua autoria, Lula volta-se para seu discurso clássico e diz que “os biocombustíveis têm forte impacto social, geram empregos, criam renda e evitam o empobrecimento rural e a urbanização desordenada.”

Convite ao presidente

Pois é, façamos assim um convite a S. Exa., o querido presidente Lula : lembrando que ele brotou do chão da fábrica, e da graxa das máquinas, convidamo-lo a ir viver um (apenas um) dia com um cortador de cana-de-açúcar. Ele, que como operário tinha macacão, refeitório, pagamento de horas extras, certamente não se importará de acordar no meio da noite, vestir roupas sujas (não é possível limpá-las), pegar no facão e adentrar na cana que inda agora pouco estava em labaredas; não se importará de enfrentar o dia inteiro debaixo de um sol abrasador respirando fuligem; não se importará de juntar uns gravetos para aquecer a marmita (conquanto o bandejão do ABC não fosse as mil maravilhas, a quentinha do pau-de-arara está longe dele); e não se importará se depois do almoço, e durante ele, não tiver uma sombra que seja (a propósito, você sabe como ficam as árvores onde há cana ? Não ficam, pois acabam com todas); ele também não se importará de receber por produção (independente se o talhão é bom ou ruim para cortar) e ainda deixar parte (às vezes até metade) na mão do “gato” que é o intermediário contratado pela usina para arrumar e transportar os cortadores. É isso, um dia apenas Exa., e essa retórica vai pro espaço. E o Brasil, ninguém duvide, vai pagar caro (social e ambientalmente) por estar indo para trás na história, querendo reviver o infausto ciclo da cana-de-açúcar. Nunca na história deste país…

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