Preconceito influencia desemprego de negros no país

Da Agência Chasque de Notícias

O preconceito racial e a baixa escolaridade são os responsáveis pela alta taxa de desempregados negros no país. A mais recente pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconomicos (DIEESE), divulgada nesta terça-feira (13) em Porto Alegre, mostra que o desemprego em geral reduz à medida que as pessoas vão atingindo altos níveis de estudo, como o ensino médio completo e o ensino superior. No entanto, mesmo na universidade, existe diferença entre negros e não-negros quanto à possibilidade de emprego e à remuneração.

A região metropolitana de Porto Alegre concentra o maior número de negros com até o ensino médio incompleto: 64,9% dessa população é negra, enquanto que 46,9% é branca. A capital gaúcha também possui o menor número de negros no ensino superior, 33,5%. Já os não-negros ocupam, no mínimo, 53,1% das vagas nas universidades. Além disso, a Grande Porto Alegre ainda é responsável pela maior diferença de desemprego entre negros e não-negros nas seis capitais pesquisadas, que chega a 46%.

Na avaliação do delegado do Trabalho (DRT) no Rio Grande do Sul, Heron de Oliveira, os dados servem para derrubar alguns mitos que existem, como o de que o Estado é democrático. Ele também defende, assim como o DIEESE, as políticas de cotas raciais nas universidades para inserir o negro no ensino superior e no mercado de trabalho, mas lembra que mais medidas de reparação devem ser tomadas pelos governos estadual e federal.

“Por outro lado, pode ser também uma demonstração de que o nosso Estado tem uma parcela de preconceito mais alto do que se possa constatar em outros Estados. Igualmente, o nível de abandono a que se condicionou o negro desde que ‘foram libertos’, talvez aqui tenha se dado em um patamar de preconceito mais elevado. A lógica da Casa Grande e Senzala ainda permanece aqui no RS; antes, por questão econômica. Hoje, por questão de qualificação e de acesso aos meios de formação, que não são tudo, mas são uma condição importante”, diz.

Os negros recebem salários menores em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. Salvador, capital da Bahia, concentra a maior diferença: o salário do negro chega a apenas 52,9% do não-negro. Porto Alegre representa a menor diferença, mas mesmo assim o salário médio do negro está em R$ 705,00 e o, dos não-negros, R$ 1.052,00. Essa comparação mostra, segundo o estudo, o preconceito racial existente ainda na sociedade, já que são avaliados grupos com a mesma escolaridade.

A pesquisa do DIEESE mostra ainda que há diferenças entre os próprios negros. As mulheres aparecem como tendo mais chances de conseguir emprego do que os homens, já que são mais escolarizadas. O motivo para que os homens abandonem cedo a escola é a obrigação, cultural, de trabalhar para ajudar a sustentar as famílias. No entanto, apesar de serem mais escolarizadas, as mulheres negras recebem menos do que os homens não-negros.

Além da capital gaúcha, o DIEESE pesquisou as regiões metropolitanas de Salvador, Recife, Belo Horizonte e São Paulo e o Distrito Federal.