Transposição é questão ecológica e ética, diz Cappio
No quarto dia de greve de fome em protesto contra as obras de transposição do rio São Francisco, o bispo dom Luís Cappio, que está na Capela de São Francisco em Sobradinho, a 556km de Salvador, mantém a determinação de só deixar o jejum diante da retirada do Exército do canteiro de obras dos eixos Norte-Leste e arquivamento definitivo do projeto de desvio das águas do rio.
Para D. Luís, a questão da transposição não é apenas técnica, “mas também é um problema de ordem ecológica, econômica, social e ética”. O bispo garante que está bem acompanhado dos irmãos, amigos e diversas representações de movimentos sociais, que chegam a todo instante para mostrar apoio ao ato de protesto.
Na Carta ao Povo do Nordeste ele diz que sabe que seu gesto “vai causar estranheza e incompreensões a muitas pessoas, mas não culpa a ninguém, pois a maioria acha que a transposição resolve a seca (..). O que precisa é construir uma nova mentalidade a respeito da água e combater o desperdício, valorizando cada gota”.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, acusou o bispo dom Luís Flávio Cappio, de adotar “postura fundamentalista” e de ir contra os ensinamentos da Igreja. Segundo Geddel, Cappio e a Igreja “têm legitimidade para criticar, mas não para governar”, porque não “obtiveram do povo essa licença”. Ontem, dia 29, o religioso recebeu apoio da Via Campesina Brasil, que lançou carta em solidariedade à luta do bispo contra a transposição do Rio São Francisco. Clique aqui para ler a carta da Via Campesina.