Vale queima carvão e prejudica saúde de assentados no MA

As 200 famílias de trabalhadores rurais que vivem no Assentamento Califórnia, em Açailandia, no sul do Estado do Maranhão, sofrem problemas de saúde com a queima de eucalipto por uma empresa ligada à Companhia Vale do Rio Doce.

A comunidade, assentada desde 1996, promete uma série de mobilizações para exigir dos responsáveis o fechamento dos fornos. Cerca de 40 mil hectares de eucalipto são plantados na região pela empresa Ferro Gusa Carajás S/A, formada por um consórcio entre Vale e Nucor Corporation, siderúrgica dos Estados Unidos.

Os plantios pertenciam a empresa Celulose do Maranhão (Celmar), que produzia celulose a partir do eucalipto. Desde o inicio dos anos 90, a Celmar se apropriou das terras mais férteis e bem localizadas na região. O projeto da empresa fracassou e, com isso, passaram a plantar eucalipto para a produção de carvão para as siderúrgicas de ferro gusa na região.

Em 2003, a Vale e a empresa dos Estados Unidos criaram a Ferro Gusa Carajás, que administra a carbonização do eucalipto, e instalaram 75 fornos industriais para produzir 90 m³ por unidade a menos de 800 metros da agrovila do Assentamento Califórnia.

Depois desses anos, a queima do carvão causou grandes problemas de saúde para as famílias assentadas. Com isso, os trabalhadores rurais fizeram uma série de reivindicações e exigiram o fechamento dos fornos.

Foi marcada audiência para ontem, dia 3, com representantes dos Ministérios Públicos estaduais e federais, mas somente os trabalhadores compareceram. “Queremos apoio das autoridades municipais estaduais e federais junto à comunidade para darmos um basta a esta poluição provocada pela carvoaria”, relata Junior Mendes, integrante do setor de Direito Humanos do MST no Maranhão.

“Até agora o Ministério Público e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda não se manifestaram sobre a denúncia feita a ambos no início deste ano”, denuncia.

Segundo Nonnato Masson, advogado do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, “as carvoarias de grande porte próximas a comunidades são comuns nesta região do estado e as secretarias municipais de Saúde e de Meio Ambiente não podem silenciar em um caso deste”.