ONU discute documento para substituir o Protocolo de Kyoto
Foi aberta na segunda-feira, dia 3, em Bali, ilha da Indonésia, a XIII Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC). Durante duas semanas, representantes de 190 países estarão reunidos na ilha para debater questões que levem ao estabelecimento de um compromisso global que substitua o Protocolo de Kioto, estabelecido em 1997, cujo objetivo principal é fazer os países reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa.
A Conferência é o encontro sobre meio ambiente mais importante do século, uma vez que, dele, espera-se que saia o documento que fixará as bases da negociação e que determinará a data limite para alcançar, em 2009, um novo acordo para combater o aquecimento global. A idéia da Organização das Nações Unidas (ONU) é que se fixe uma data limite para a provação do novo acordo para que os países tenham tempo de ratificá-lo antes de que se acabe a vigência de Kioto.
Em coletiva de imprensa concedida na segunda-feira, dia 3, o secretário executivo da UNFCCC, Yvo de Boer, cobrou atitude dos políticos diante dos vários alertas feitos por cientistas de diversas partes do mundo sobre o aquecimento global. Bôer parabenizou ainda países europeus e os Estados Unidos por atitudes positivas diante da problemática, tal como a iniciativa da União Européia de reduzir suas emissões em 20% para 2020.
A realização da Conferência se dá dentro de um contexto de alerta global feito nos últimos anos por estudiosos do tema que detectaram que a temperatura média da superfície terrestre subiu mais de 0,6 °C desde os últimos anos do século XIX. A previsão é que haja um novo aumento entre 1,4 °C e 5,8 ° C para o ano de 2100, o que, segundo eles, representa uma mudança rápida e profunda.
De acordo com a ONU, a década de 1990 parece ter sido a mais quente do último milênio, apontando 1998 como o dia mais calorento do período. Outra conseqüência dessa mudança climática no mundo foi a elevação do nível do mar. Durante o século XX, o nível do mar subiu em média de 10 a 20 centímetros. Já para o ano de 2100, a previsão é de que ele aumente entre 9 e 88 centímetros com o derretimento das geleiras no mundo inteiro.
Prevê-se também um processo de desertificação de zonas continentais interiores, como por exemplo, a Ásia Central, o Sahel africano e as Grandes Planícies dos Estados Unidos. Conforme relatou a ONU, as mudanças poderiam provocar perturbações no aproveitamento da terra e no abastecimento de alimentos. Além disso, o rápido aquecimento poderá provocar algumas extinções como a de espécies vegetais e animais, que, debilitadas pela contaminação e a perda do habitat, não sobreviveriam aos próximos 100 anos.
Para o ser humano, as conseqüências mais fortes do aquecimento global já se refletem nos episódios recentes de furacões, inundações e secas, que têm atingido diversas regiões do planeta. Razão principal para isso tudo advém de um processo de industrialização iniciado há um século e meio e, em particular, a combustão de quantidades cada vez maiores de petróleo, gasolina e gás carbônico, o corte de bosques e alguns métodos de exploração agrícola, segundo informações da ONU.
Há mais de 10 anos, grande parte dos países aderiu à Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática para começar a debater sobre o que se podia fazer para reduzir o aquecimento global. Em 1997, os governos acordaram incorporar uma adição ao tratado, conhecida como Protocolo de Kyoto, que conta com medidas mais enérgicas e juridicamente vinculantes.
Fonte: Agência Adital