Secretário-Geral da CNBB compromete-se com luta de Cappio
Após receber as cartas de solidariedade (veja abaixo) da Via Campesina e do Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo ao protesto do bispo Luis Flávio Cappio, o Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), D. Dimas Barbosa, comprometeu-se com a luta do religioso que faz jejum há 8 dias contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco.
Segundo D. Dimas, uma das questões mais críticas relacionadas à transposição é a ameaça aos territórios tradicionais. Com a construção do canal do eixo leste da transposição do rio São Francisco, por exemplo, várias aldeias indígenas poderão desaparecer. Nesse aspecto, ele disse crer em uma possibilidade jurídica de intervenção.
O Secretário da CNBB afirmou ainda que vai se empenhar no diálogo com o governo federal sobre o projeto de transposição.
NOTA – Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo
O Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo – FNRA, se caracteriza como uma articulação de organizações, movimentos socais e entidades que se uniram com intuito de lutar pela concretização da reforma agrária e para o desenvolvimento da agricultura familiar e camponesa no Brasil.
O FNRA vem no decorrer deste período de conflito ideológico e político sobre a questão da transposição, acompanhando o debate e se posicionando através das entidades que o compõem.
Somos sabedores inclusive através de Estudos técnicos realizados por diversos pesquisadores/as e pela Sociedade Brasileira de Progresso para a Ciência, assim como depoimentos de pescadores e populações ribeirinhas demonstram a ameaça de morte do rio. O projeto de transposição coloca-se dentro das fracassadas políticas públicas convencionais, que se orientam para a construção de grandes obras, a um alto custo financeiro, ambiental e social, e se baseiam em “modelos de desenvolvimento” que priorizam o agronegócio,ao contrario do que vem sendo veiculado, as águas da transposição, não vai matar a sede do povo, pois 94% dela será para a produção do agronégocio e para mineração.
Obras como as sugeridas pela Agência Nacional de Águas e ações que já são desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido indicam o caminho para resolver o problema da gestão da água no Nordeste. Enquanto principio o FNRA defende um processo urgente e necessário de revitalização da Bacia do São Francisco, que é parte de um projeto maior de desenvolvimento sustentável do Semi-Árido brasileiro, com ampla participação da população e que leve a desconcentração da terra e da água.
Em fevereiro deste ano, Dom Luiz Flávio Cappio, protocolou um documento no Palácio do Planalto pedindo a reabertura do diálogo com o governo. A resposta foi o início das obras de transposição pelo exército.
Por conta disso, Dom frei Luiz, inicia um período de jejum e orações pela revitalização e contra a transposição das águas do Rio São Francisco. É uma tomada de posição levada ao extremo devido ao descumprimento de acordo firmado pelo governo federal, em outubro de 2005, no qual se comprometeu a iniciar um amplo diálogo com a sociedade civil na busca de alternativas para o desenvolvimento sustentável do Semi-Árido.
A vida de Dom Cappio, assim como o motivo de seu jejum, representa nesse momento a vida e o anseio de milhões de ribeirinho/as que dependem do rio.
Junto com D. Luiz, solicitamos ao governo federal a imediata paralisação das obras de transposição que se encontra militarizada indo de encontro ao estado de democracia que existe hoje no país. Assim como exigimos o início de um amplo e verdadeiro diálogo com a sociedade civil na busca de concretizar alternativas para um outro Semi-Árido possível, sem transposição e com o Rio São Francisco vivo e revitalizado.
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