Em Sergipe, movimentos protestam contra transposição e Syngenta
Um protesto de 1.500 trabalhadores rurais do MST e da Via Campesina paralisa o trânsito da ponte que liga Alagoas a Sergipe, entre Porto Real do Colégio e Própria. O protesto começou às 9 horas, desta segunda-feira, dia 10. Os manifestantes protestam contra a transposição do Rio São Francisco e a ação das transnacionais no país, além de ser um ato em solidariedade à greve de fome do bispo Luiz Cappio.
“Apoiamos a luta do bispo Luiz Cappio e somos contra a transposição do Rio São Francisco, que não tem condições de resolver os problemas de acesso a água dos nordestinos nem de sustentar o desenvolvimento da região”, afirma Zé Roberto da Silva, integrante da coordenação nacional do MST.
O bispo está desde 27 de novembro em jejum contra as obras no rio. Em 2005, ele já havia se submetido a 11 dias de greve de fome, que encerrou depois de promessa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de abertura de discussão em relação ao projeto.
A manifestação também faz parte da campanha “Syngenta Fora do Brasil”, lançada com o assassinato de Valmir Mota de Oliveira, Keno, por uma milícia armada, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, em 21 de outubro. “Apesar de não existir Syngenta em nosso estado – graças a Deus -, fazemos esse ato em memória do companheiro Keno”, explica Zé Roberto.
Desde a ocupação no Paraná, as famílias de trabalhadores rurais continuam na área e receberam apoio do governador do estado, Roberto Requião (PMDB). Até agora, nove seguranças privados e o proprietário da NF Segurança, Nerci Freitas, foram responsabilizados no inquérito policial sobre a tentativa de expulsão sem autorização judicial de 200 famílias que tinham ocupado laboratório de experimentos ilegais da empresa suíça.
Na semana passada, a Justiça Federal do Estado do Paraná julgou ilegais as atividades desenvolvidas pela Syngenta no extremo oeste do estado, como denuncia a Via Campesina desde a primeira ocupação, em março do ano de 2006. A decisão obriga a empresa a pagar multa de R$ 1 milhão, como determinou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pela realização de experimentos transgênicos na zona de amortecimento de 10 km da área do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, no ano passado.