Via Campesina ocupa Syngenta no litoral do Ceará
Cerca de 250 trabalhadores rurais da Via Campesina fizeram um protesto na área da empresa transnacional Syngenta Seeds, na localidade de Cajazeiras, no município de Aracati, no litoral leste do Ceará, na manhã desta segunda-feira, 10, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Segue abaixo a carta a sociedade cearense.
O protesto faz parte da campanha “Syngenta Fora do Brasil”, lançada com o assassinato de Valmir Mota de Oliveira, Keno, por uma milícia armada, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, em 21 de outubro. Até agora, nove seguranças privados e o proprietário da NF Segurança, Nerci Freitas, foram responsabilizados no inquérito policial sobre a tentativa de expulsão sem autorização judicial de 200 famílias que tinham ocupado laboratório de experimentos ilegais da empresa suíça.
“A Syngenta assassinou com sua milícia armada um trabalhador rural e deixou mais seis feridos e segue ameaçando a nossa biodiversidade com experimentos transgênicos ilegais. Queremos essa empresa fora do Brasil”, afirma Roberto Baggio, da coordenação nacional da Via Campesina.
Na semana passada, a Justiça Federal do Estado do Paraná julgou ilegais as atividades desenvolvidas pela Syngenta no extremo oeste do estado, como denuncia a Via Campesina desde a primeira ocupação, em março do ano de 2006.
A decisão obriga a empresa a pagar multa de R$ 1 milhão, como determinou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pela realização de experimentos transgênicos na zona de amortecimento de 10 km da área do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, no ano passado.
NOTA A SOCIEDADE CEARENSE
Fortaleza, 10 de dezembro de 2007.
Nós, camponeses organizados nos movimentos sociais do campo, viemos a público expressar nosso protesto e indignação contra as multinacionais que controlam a agricultura no Brasil.
Somos mais de 250 pessoas que desde as 6h da manhã de hoje estamos na localidade de Flecheira, município de Aracati, onde fazemos uma manifestação pacífica contra a empresa multinacional SYNGENTA, com sede na Suíça. Esta empresa está no Brasil, no Ceará e em ARACATI há mais de cinco anos desenvolvendo pesquisas, experimentos e produzindo sementes selecionadas para o mercado, só que segundo informações da região essa empresa (Syngenta) está realizando testes com sementes geneticamente modificadas, TRANSGÊNICOS, as conhecidas sementes da morte, que o governo Brasileiro não autorizou.
O nosso protesto é também pela chacina que a SYNGENTA realizou em Santa Tereza do Oeste – Paraná, no dia 21 de outubro, com 40 pistoleiros, a mando da empresa, assassinou um militante da Via Campesina e feriu a tiros 5 pessoas. A ação da Syngenta fere o direito a vida, liberdade e segurança pessoal assegurada na Declaração Universal dos Direitos Humanos que hoje completa 50 anos. O protesto é ainda em solidariedade ao frei Dom Luís Cappio, que hoje chega a 13 dias de jejum e oração na luta pela não transposição do Rio São Francisco. Reafirmamos também nossa luta contra a transposição do São Francisco e na defesa dos direitos humanos.
Via Campesina – Alimento e Energia não são Mercadorias!