Liminar não impede governo de tocar as obras do projeto de transposição

Surpreendido pelas informações de que o exército teria intensificado as ações na área das tomadas de água dos eixos do projeto de transposição, o bispo Luiz Flávio Cappio afirma que não pretende parar com o jejum, que completa hoje, 16 dias.

Ontem à tarde ele recebeu o telefonema do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, que pela manhã esteve reunido com o presidente Lula. Dom Lyrio disse pretender conversar pessoalmente com Dom Luiz. Ele teria se colocado na posição de ser interlocutor entre o governo federal e o bispo que pede a retirada do exército dos eixos norte e leste e a suspensão do projeto de transposição.

Durante a reunião, o presidente Lula teria afirmado que não pretende paralisar as obras, mas estaria disposto a fazer alguns ajustes para melhorar e dar continuidade as obras. “Acredito que eles já foram notificados judicialmente, se não nem falavam em recorrer. Parece que estamos entrando em uma ditadura, se já não estamos vivendo nela”, disse Dom Luiz sobre a determinação do governo em prosseguir com o projeto. “O que me preocupada agora não é a minha saúde. A minha saúde está em segundo ou terceiro plano, o que me preocupa é a saúde da democracia no Brasil, onde nem o judiciário é respeitado”, disse o frei.

A preocupação dele é a movimentação intensa do exército, em Cabrobó e Petrolândia (PE), à revelia da liminar concedida dia 10 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determina a paralisação das obras. Segundo os moradores desses municípios, os militares aumentaram o contingente e tem desenvolvido trabalhos de assistência social, com transporte de estudantes, abastecimento de água, reformas em escolas públicas e vistoria de carros na rodovia. Desde a quinta passada a movimentação ficou mais intensa.