Alagoas protesta contra criminalidade e corrupção

Hoje será um dia histórico em Alagoas, em que milhares de pessoas vão às ruas de Maceió, a partir das 13h, exigir a cassação e prisão dos deputados e ex-deputados alagoanos envolvidos no desvio de recursos público, 280 milhões da Assembléia Legislativa, descoberto na operação Taturana, realizada dezembro de 2007.

O ato é organizado pelo Movimento Social contra a criminalidade (MSCC), composto pelas entidades sindicais, associações comunitárias, parlamentares, o Conselho Estadual dos Diretos Humanos, a OAB/AL, representantes do MPE, da Polícia Federal, Movimento Sem Moradia, centrais sindicais, sindicalistas, comunidades indígenas, movimento negro, trabalhadores rurais Sem Terra, trabalhadores em geral e servidores públicos que clamam por justiça e reivindicam apuração dos crimes com envolvimento de autoridades em crimes de pistolagem e desvio de recursos públicos e a punição dos culpados.

Os deputados e ex-deputados envolvidos são Cícero Ferro, Fábio Jatobá, prefeito de Roteiro e ex-diretor financeiro da Assembléia Legislativa; Manoel Gomes de Barros, ex-governador de Alagoas;
Coronel Acírio, ex-comandante da PM e diretor-adjunto do Detran; Gilberto Gonçalves, ex-deputado; Celso Luiz, ex-deputado e ex-presidente da Assembléia Legislativa; Naílton Felizardo, ex-deputado e tesoureiro da Assembléia Legislativa; Antônio Albuquerque, deputado e presidente da Assembléia; além de funcionários da Casa, militares e empresários.

Criminalidade política em Alagoas é impasse para Reforma Agrária

A arcaica estrutura agrária brasileira, conservadora e criminosa, tem sido responsável pela miséria e exploração de milhares de famílias que são expulsas do campo pelo sistema monocultor, latifundiário que concentra nas mãos de poucos a riqueza produzida por muitos.

Em Alagoas, esta realidade é refletida pelo latifúndio canavieiro, quarto maior estado produtor de cana-de-açúcar no país, e o maior do nordeste, conhecida por terra dos usineiros pela sua pequena dimensão geográfica em contrapartida a uma grande concentração de usinas, nas quais prevalece a cultura da cana, Alagoas é o Estado onde o poder desenfreado dos latifundiários canavieiros remetem ao coronelismo da época do império, uma realidade comum ainda em muitas cidades nordestina.

Na política partidária, é comum a prática do coronelismo, em que parlamentares se elegem por meio do voto de cabresto, com ameaças e com a compra de votos, nas cidades onde exercem o domínio político e principalmente econômico, onde são donos de fazendas e usinas.

Nesses municípios a realidade é de exploração e pobreza e a maioria desses parlamentares estão há anos no poder, cometendo crimes de pistolagem e desvios de recursos público, protegidos pela imunidade parlamentar.

No campo, os conflitos de terra ocorridos são um reflexo do poderio dessas figuras, quem usam da impunidade e do cargo político para ameaçar, publicamente inclusive, os/as trabalhadores/as Sem Terra e todos aqueles que lutam por uma vida digna.

Mantendo fazendas que não cumprem a função social, vigiadas por pistoleiros e sustentando a exploração de trabalhadores no corte da cana, esses políticos são um dos responsáveis pelo atraso do processo de Reforma Agrária e pelos conflitos agrários, em que Alagoas é o primeiro no nordeste, segundo o “Cardenos de Conflitos” de 2007, da CPT(Comissão Pastoral da Terra), em violência cometida contra os/as trabalhadores rurais e o terceiro no país.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, enquanto movimento social que luta por justiça e vida digna está mobilizado junto com as entidades e demais movimentos sociais organizados no Movimento Social Contra a Criminalidade em Alagoas, para exigir o fim da impunidade e dos crimes cometidos contra o povo alagoano.