“Fidel não precisa disputar cargos”, diz Stedile

Da ANSA

O economista e coordenador nacional do MST, Joao Pedro Stedile, acredita que o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, que renunciou hoje, “é um líder indiscutível e não precisa disputar cargos”.

Stedile também expressou que o “povo cubano, com sua sabedoria e elevada cultura” poderá encontrar “soluções” para o embargo imposto por Estados Unidos, que sempre “implica enormes sacrifícios para a população”.

“Fidel Castro é o líder popular inconteste de todo o povo cubano. Ele se transformou em líder na luta permamente contra os inimigos do povo, com coerência e fidelidade”, destacou Stedile. Para ele, “Fidel não precisa disputar cargos” e sua decisão de renunciar ao cargo de presidente do Conselho de Estado e Comandante-em-Chefe é “mais que acertada”.

“Agora, Fidel poderá aproveitar melhor seu tempo para escrever suas reflexões que podem contribuir não só ao povo cubano, mas a toda a esquerda latino-americana e mundial, que se encontra em uma grave crise”, sublinhou.

O integrante da coordenação do MST também fez uma reflexão sobre a transição do poder em Cuba e reiterou as críticas ao embargo imposto pelos Estados Unidos.

“A imprensa ocidental sempre mistificou o poder em Cuba e em outros países como se estivesse centralizado em algumas pessoas. O poder real em Cuba é exercido pelo conjunto do partido e pelas inúmeras formas de poder popular, exercidas de fato pelo povo”, lembrou.

“Portanto, o exercício de cargos por este ou aquele líder em Cuba, não me parece por si só, indicativo de alguma mudança nesse país”, analisou.

Para Stédile o povo cubano “já resolveu questões fundamentais para a população, como a saúde e a educação”, mas “ainda tem problemas econômicos e necessidades materiais, por falta de recursos naturais na ilha, como pela burocracia interna, ou pelas dificuldades impostas pelo bloqueio dos Estados Unidos e a falta de acesso a tecnologias mais avançadas”, detalhou.

O integrante da coordenação do MST, o maior movimento social da América Latina, opinou que o povo cubano “saberá encontrar as soluções a esses problemas e poderá seguir construindo uma sociedade cada vez mais culta e progressista”.

“Grave, entretanto, é o futuro de Estados Unidos, com a crise econômica que se lhe avizinha”, completou.

Leia a seguir as respostas do integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stedile, sobre a renúncia do presidente Fidel Castro e o futuro de Cuba.

Decisão de Fidel

Fidel Castro é o líder popular inconteste de todo o povo cubano. Ele se transformou em líder na luta permamente contra os inimigos do povo, com coerência e fidelidade, e não precisa disputar cargos. A decisão é mais do que acertada, pois, assim, poderá usar melhor seu tempo para escrever e expor reflexões que podem contribuir não só com o povo cubano, mas com toda a esquerda latino-americana e mundial, que se encontra em uma grave crise.

Transição

A imprensa ocidental sempre mistificou o poder em Cuba e em outros países como se estivesse centralizado em algumas pessoas. O poder real em Cuba é exercido pelo conjunto do partido e pelas inúmeras formas de poder popular, exercidas de fato pelo povo. Qual governo se atreveria a deixar que a população mantivesse armas, em suas casas, e em locais prontos para usá-los, em caso especialmente em invasão dos Estados Unidos, se o povo não estivesse representado? Portanto, o exercício de cargos por este ou aquele líder em Cuba não me parece indicativo de alguma mudança por si só.

Futuro da Ilha

A sociedade cubana, embora tenha resolvido os problemas fundamentais da população, relacionados com saúde e educação, passa ainda por muitos problemas econômicos e necessidades materiais.

Alguns são decorentes da falta de recursos naturais na ilha, outros por conta da burocracia que existe no sistema econômico que eles organizaram. Outros são em função das dificuldades impostas pelo bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, que sempre implica enormes sacrifícios para a população, e pela falta de acesso a tecnologias mais avançadas.

No entanto, acredito que o povo cubano, com sua sabedoria e elevada cultura, saberá encontrar as soluções para esses problemas. O socialismo, como sonharam Marx e Engels, certamente, depende cada vez mais de mudanças em todo sistema ecônomico mundial.