MST toma posse de área de assentamento no Espírito Santo
No último sábado (01/03), 100 famílias do MST tomaram posse da área da antiga Fazenda Aliança, no município de Linhares, no Espírito Santo. Assim que Justiça Federal imitiu a posse legal da área ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), no dia 26/02, as famílias partiram para o local do novo assentamento, chamado Sezínio Fernandes de Jesus, em homenagem a um importante lutador da reforma agrária no Espírito Santo na década de 80, militante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barra de São Francisco.
A área do novo assentamento possui aproximadamente 2.042,0499 hectares, onde serão assentadas 100 famílias. Cerca de 40% desse território é área de preservação ambiental permanente e localiza-se às margens do rio Doce.
Assim, o grande desafio deste assentamento será organizar a produção e o desenvolvimento econômico das famílias de maneira compatível com a sustentabilidade do meio ambiente, tornando-se assim uma inovação na reforma agrária no Espírito Santo. Vale ressaltar que esse projeto de
assentamento está sendo desenvolvido em parceria entre o MST, Incra, Ministério Público Federal e os órgãos ambientais.
A área da Fazenda Aliança é disputada pelo MST desde 1995, quando foi realizada a primeira vistoria na área e já identificada pelo Incra como área improdutiva. Em 1997, foi realizada a primeira ocupação da área pelo MST, com cerca de 500 famílias. No entanto, foi concedida a reintegração
de posse ao fazendeiro. O caso seguiu na justiça até 2006, ano em que a área foi desapropriada e destinada a fins de reforma agrária. Mas somente na última terça-feira (26/02) é que foi concedida a imissão de posse ao Incra, fato que levou às famílias a já se estabelecerem na área.
Para o Movimento Sem Terra, essa foi uma conquista histórica na luta pela reforma agrária, pois Linhares é um dos municípios do ES onde há maior concentração fundiária, considerado um dos principais berços do latifúndio no estado. E a criação de um assentamento justamente nessa região, com boas condições naturais de solo e de recursos hídricos, será fundamental para comprovar que a geração de riqueza no campo vem da pequena propriedade, e não do latifúndio e do agronegócio.
É importante ressaltar que o agronegócio capixaba tem se expandido bastante em Linhares, seja pela fruticultura, seja pela criação extensiva de gado, o que torna ainda mais difícil a efetivação da reforma agrária nesse município, pois os latifúndios são utilizados para essas grandes monoculturas extensivas, o que supervaloriza o preço da terra, encarecendo a compra de áreas pelo Incra.
Mesmo diante desse contexto adverso para a efetivação da reforma agrária, o MST segue lutando e organizando as famílias Sem Terra, único caminho possível para as verdadeiras conquistas e transformações na vida do povo.