Sem Terra criticam mudança no Incra em reunião com Lula
Os movimentos sociais do campo fizeram uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Base Militar, em Campo Grande (MT), e criticaram a mudança do comando do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O presidente Lula responsabilizou o PT pela articulação no Congresso que levou à substituição do superintendente do Incra Luis Carlos Boneli por Flodoaldo Alencar, que é ligado ao grupo de ruralistas MNP (Movimento Nacional de Produtores).
Flodoaldo foi indicado pelo senador Valter Pereira (PMDB), que votou a favor da renovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) em troca do cargo. Também participaram da reunião a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o governador André Puccinelli (PMDB) e o presidente do Incra, Rolf Hackbart.
“O acordo já paralisou o programa de construção de casas e a liberação de verbas para o plantio de feijão e milho, o que vai comprometer a alimentação das famílias”, afirma Egídio Brunetto, da coordenação nacional do MST.
Os representantes dos movimentos sociais do campo criticaram a decisão e apresentaram para Lula as conseqüências da saída do antigo responsável pelo Incra e, especialmente, da posse de uma pessoa ligada aos latifundiários, que querem evitar o avanço da Reforma Agrária no Estado.
Lula disse que não conseguiu reverter a mudança, mas colocou que a responsabilidade pela Reforma Agrária é do governo federal e pediu para o superintendente nacional do Incra, Rolf Hackbart, a acompanhar de perto o quadro sul-mato-grossense e garantir a continuidade das medidas em curso.
Os movimentos camponeses denunciaram que o crédito concedido pela Caixa Econômica Federal para a construção de 6000 casas em assentamentos não foi liberado. O presidente Lula garantiu que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, vai resolver o problema. Ainda existe uma demanda de 4000 casas no Estado.
Atualmente, há 20 mil famílias de diversas entidades acampadas no Mato Grosso do Sul.