MST conquista assentamento na Bahia
O grupo de 500 trabalhadores do MST que estava acampado há três dias na fruticultura Mariad, em Juazeiro, na Bahia, desocupou o local ontem à tarde. A saída dos ocupantes foi acertada em acordo firmado, ainda pela manhã, entre o movimento, a procuradora regional do Trabalho, Edelamare Melo, e o capitão Freitas, da Casa Militar.
O acordo estabeleceu que parte da área da Mariad será destinada a assentamento. Foi acertado ainda o compromisso do governo de providenciar cestas básicas e lonas para a montagem das barracas que abrigarão 250 famílias.
Segundo o coordenador estadual do MST na Bahia, Jailson Sena, a procuradora vai se reunir no próximo dia 28 de abril, junto com a comissão, para definir a área a ser entregue. “Estamos com boas expectativas e no aguardo das decisões. Depois do levantamento das áreas pelos órgãos responsáveis, vamos fazer nosso estudo interno para decidir quais culturas serão plantadas e comercializadas”, pontua. Apesar disso, Sena alertou que “se o acordo não for cumprido, entraremos novamente no local”.
Edelamare confirmou a reunião para concluir a liberação de parte do terreno. “Vamos diagnosticar juntamente com órgãos do setor, para que seja entregue uma área produtiva, que sirva de subsistência para as 250 famílias do movimento e iremos entregar brevemente”, acrescentou. Entre os membros da comissão que vai estudar o projeto de assentamento estão: a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), a CDA (Coordenação de Desenvolvimento do Estado da Bahia) e a Ebda (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário)
“Eles saíram ontem de forma passiva e entregaram a área mais limpa do que estava, além de terem cuidado do patrimônio”, afirmou Edelamare.
A procuradora disse que tem certeza que a invasão não prejudicará o andamento do processo de Edevaldo Budóia, ex-interventor que está sendo investigado pela Justiça por depositário infiel da Mariad. “Insisto em dizer que o movimento é tranqüilo e de paz. Tenho a certeza que nada foi depredado. Esta vistoria foi feita para que depois nada seja apontado no processo de forma injusta, contra ou a favor das partes”, explicou.
Histórico
A Mariad pertencia ao traficante Gustavo Duran Batista e, devido a denúncias de uso indevido do patrimônio da empresa em contribuição a uma rede internacional de tráfico de drogas, teve suas atividades paralizadas em novembro de 2007. Desde então, tem sido mantida sob intervenção.
(Com informações do jornal A Tarde)