Integrantes da Via Campesina ocupam Barragem de Itá
Cerca de 300 trabalhadores rurais ocuparam, na manhã desta terça-feira (10/06), as instalações da Usina Hidrelétrica de Itá, na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A usina pertence à transnacional franco-belga Suez-Tractebel e a ação faz parte da jornada nacional de lutas da Via Campesina contra o modelo energético e econômico e contra as transnacionais.
A Suez-Tractebel é a maior empresa estrangeira de geração de energia no Brasil, com 13 usinas (6 hidrelétricas e 7 termelétricas). Segundo dados da própria empresa, em 2007, o lucro líquido foi de R$ 1,05 bilhão, 6,8% acima do lucro obtido em 2006. Segundo lideranças do MAB, para que a Suez tenha um lucro alto, os brasileiros pagam muito caro pela tarifa de energia elétrica. “O objetivo dessa transnacional é se apropriar dos nossos recursos naturais e da nossa energia, transformar em mercadoria e vender por muito caro”.
A hidrelétrica de Itá começou a ser construída na década de 80 pela estatal Eletrosul. Em 1998 ocorreu a privatização de parte da estatal, comprada pela empresa Gerasul (Tractebel). No ano seguinte, a Tractebel decide reestruturar a empresa e demite 382 trabalhadores. Posteriormente, reduz o número de dirigentes sindicais liberados e os discrimina no plano de cargos e salários. Até hoje, a empresa nega ao Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região – Sinergia, acesso às suas dependências.
O reservatório da UHE de Itá inundou aproximadamente 103 km² de terras, atingindo um total de onze municípios. Os problemas causados pela construção da hidrelétrica inúmeros, e vão desde problemas ambientais, como a inviabilidade da pesca, e problemas sociais como o deslocamento das comunidades lindeiras.