Trabalhadores paralisam construção de usina no Pontal
Na manhã de hoje, 450 trabalhadores da Via Campesina ocuparam uma fazenda no município de Mirante do Paranapanema. Na área, a Organização Odebrecht está construindo a usina Conquista do Pontal, que terá como finalidade a produção de etanol.
A mobilização na região do Pontal do Paranapanema, interior de São Paulo, teve início às 6h. A polícia enviou cinco viaturas ao local para impedir a ação e comunicaram que os advogados da usina já entraram com um pedido de reintegração de posse. Os trabalhadores pararam as máquinas responsáveis pela construção na área. A situação é tranqüila no momento.
A Odebrecht, assim como outras empresas transnacionais, estão se utilizando irregularmente de terras públicas para a instalação de usinas e plantio de cana-de-açúcar. O projeto de expansão da Odebrecht prevê a utilização de 160 mil hectares de terras para a produção de matéria-prima (cana-de-açúcar). Essas terras estão dentro do 11° perímetro do Pontal do Paranapanema, uma região de terras públicas, historicamente griladas.
De acordo com o ITESP (Instituto de Terras de São Paulo), fundação estadual vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, e responsável pelo programa estadual de política agrária, 58% do território do Pontal é constituído por terras públicas. No ano passado o governador José Serra encaminhou à Assembléia Legislativa um projeto de lei que propõe a regularização das terras públicas do Pontal. Ou seja, ao invés de fazer a Reforma Agrária, o governo estadual quer legalizar a grilagem. Devido às mobilizações dos movimentos sociais, o projeto ainda não foi votado.
A ação faz parte da jornada nacional de lutas, que conta com a participação de diversos movimentos sociais, e tem como objetivo ir contra o crescente avanço das grandes empresas transnacionais no Brasil.