Trabalhadores ocupam ferrovia da Vale em Minas Gerais

Cerca de 1.500 trabalhadores e trabalhadoras da Via Campesina e Assembléia Popular ocuparam a ferrovia da Vale no município de Governador Valadares, ao lado da BR 381, na manhã desta quinta-feira (12/6), para exigir que a mineradora abra negociação com as 500 famílias da comunidade Pedra Corrida, que será desalojada pela barragem de Baguari, a ser construída pela empresa na divisa dos municípios de Valadares e Periquito.

Depois de dez horas de ocupação os manifestantes liberaram os trilhos e denunciaram a truculência da empresa. Durante a tarde, a Vale conseguiu um mandato de reintegração de posse e acionou a polícia militar para intimidar os trabalhadores, negando-se a negociar quaisquer reivindicações. “Atingimos um de nossos objetivos. Conseguimos denunciar os graves impactos sociais e ambientais da Vale”, pondera Dayana Mezzonato, integrante da Via Campesina. “Seguiremos mobilizados”, pontua.

A atividade denuncia também que as pautas apresentadas na ocupação dos trilhos no município de Resplendor não foram atendidas. Em março, o protesto denunciou que a construção da Barragem de Aimorés, pela Vale e Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), expulsou 1.000 famílias de quatro municípios, que não foram reassentadas. Além disso, essa barragem inviabiliza o sistema de esgoto da cidade, inundando 2 mil hectares de terra (2 mil campos de futebol).

“A barragem em Valadares vai expulsar mais famílias, enquanto não foi resolvido os prejuízos da obra em Aimorés. Os crimes ambientais e sociais cometidos pela Vale continuam e, até o momento, não aconteceu o assentamento das famílias. A Vale expulsa famílias de suas casas para construir obras que não beneficiam as comunidades, gerando energia apenas para suas atividades”, afirma o integrante da Via Campesina, Vanderlei Martini.

A manifestação faz parte da jornada de lutas de Via Campesina e Assembléia Popular, que denuncia os problemas causados pela atuação das grandes empresas no país, especialmente as estrangeiras, que são beneficiadas pelo modelo do agronegócio e pela política econômica neoliberal.

Energia

A Vale consome 5% de toda a energia produzida pelo país. Acaba de fechar um contrato com distribuidoras de energia para pagar R$ 0,03 por cada kwatt/h, quando o povo paga R$0,62. A Lei Kandir beneficia as empresas mineradoras determinando que as atividades primário-exportadoras sejam isentas de pagamento de ICMS (18%).

Além disso, os royalties pagos pelo setor são irrisórios. Em 2007 quando as exportações do setor somaram R$ 16 bilhões foram pagos apenas R$ 153 milhões em royalties, ou seja menos de 1%. A Vale acaba de receber benefícios do BNDES de R$ 7,3 bi a pagar em 40 anos sob juros irrisórios, graças a sua influência política. Ao passo que um trabalhador da Vale chega a receber R$550,00, pagando seu salário em 6 horas de trabalho.

Comunidade dos índios Krenak se soma à ocupação

A comunidade dos Krenak, do município de Resplendor chegaram até o local da ocupação dos trilhos para se somar ao protesto e exigir suas históricas reivindicações com a Vale. Eles exigem o fim do interdito proibitório a indenização de suas terras tomadas pela Vale.

Toda a comunidade Krenak local encontra-se desde junho de 2007 com interdito proibitório impetrado pela Companhia Vale, em função de seguidas mobilizações realizadas por eles desde 2005. No início de 2007 eles prenderam o um diretor da empresa, e obtiveram como resposta um interdito proibitório que lhes impede de aproximar a menos de 2 km de qualquer instalação ou trilhos da Vale.

A seguir, outras fotos da ação de hoje (12/06):