Vannuchi defende os movimentos sociais em audiência

O ministro da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse estar em alerta e preocupado com uma possível onda de perseguição aos movimentos sociais, referindo-se a situação criada pela ação do Ministério Público do Rio Grande do Sul contra o MST. A declaração foi feita durante a audiência realizada na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, nesta quart-feira (09/07), que debateu a criminalização dos movimentos sociais.

Vannuchi disse ser fundamental que a resposta seja urgente e forte. “Chamo a atenção para a questão do Rio Grande do Sul porque o país inteiro sabe da profunda crise institucional que acomete o cenário dos governantes estaduais, o que sempre é uma tentação para repetir aquela velha manobra de eleger um bode expiatório, um inimigo externo que tente então reunificar as forças privadas do governo estadual, na medida em que o vice-governador é protagonista de uma onda de denúncias fortíssimas”, ressaltou.

O ministro ainda comentou que é infeliz um país em que a sociedade civil e o Estado pensem igual. “Não acreditemos nessas votações unânimes, essa tensão é o alimento da democracia, os poderes públicos têm de ser pressionados e cobrados a partir de uma parcela engajada com a defesa dos direitos humanos, que aciona todo esse espaço institucional para fazer um enfrentamento contra desvios democráticos que estão ocorrendo por autoridades de outros poderes públicos”, disse.

Paulo Vannuchi terminou sua declaração pontuando que o “Poder Judiciário é aquele, hoje, em que é absolutamente prioritário, chamar, convocar, pressionar, dialogar e exigir pra que seja um garantidor dos direitos humanos, sem repetir o pensamento da Primeira República, que via a questão social e os movimentos sociais como um caso de polícia. Os movimentos sociais são pilares da democracia, não existiria uma Comissão de Legislação Participativa, não existiria uma Secretaria Especial de Direitos Humanos, se os movimentos sociais não tivessem saído na frente, há 10, 15 anos atrás, nessa caminhada. Estamos de prontidão aguardando as tarefas que nos forem designadas”.