MST faz ocupações em SP por assentamento e infra-estrutura
Os trabalhadores do MST ocuparam nesta terça-feira (22/07) superintendências do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) e uma agência bancária no interior de São Paulo. As ações fazem parte da jornada iniciada nesta segunda-feira (21/07). Os Sem Terra exigem o assentamento das 140 mil famílias acampadas e um programa de agroindústria para assentados. Em outros estados, o MST permanece ocupando as superintendências do Incra em Alagoas, na Paraíba, Bahia, Maranhão, Ceará, Goiás e Mato Grosso.
Na região de Presidente Prudente, 300 Sem Terra ocuparam a sede do banco Nossa Caixa buscando liberação e acesso aos créditos para os assentados. A situação no local é tranqüila.
Em Teodoro Sampaio, cerca de 100 trabalhadores rurais do MST exigem a liberação dos créditos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e a complementação do crédito de moradia do Incra (o Programa de Habitação).
Em Araraquara, 100 lavradores permanecem, desde o início dea manhã, na superintendência do Incra, em defesa da reforma agrária.
Na capital de São Paulo, cerca de 400 Sem Terra permanecem desde segunda-feira na superintendência estadual do Incra, para cobrar o assentamento das 1.600 famílias acampadas e a liberação de crédito e infra-estrutura para 700 famílias assentadas em todo o estado.
“A Reforma Agrária está parada em todo o país. Exigimos o assentamento das famílias acampadas e um programa de agroindústrias para nossas áreas”, afirma José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST. “Só a Reforma Agrária pode resolver o problema da crise do preço dos alimentos, com o fortalecimento de um modelo de produção baseado em pequenas e médias propriedades, que produzem 70% dos alimentos consumidos no país”.
A Jornada de Lutas por Reforma Agrária, realizada em torno do Dia do Trabalhador Rural, em 25 de julho, denuncia a lentidão no processo de criação de assentamentos e cobra as promessas não cumpridas. O MST propõe a valorização e fortalecimento dos assentamentos e da agricultura familiar, como alternativa à crise do encarecimento dos alimentos.
O governo federal tem dado prioridade ao agronegócio, que avança sobre o território brasileiro conquistando terras que deveriam ser destinadas aos trabalhadores rurais. Só o Banco do Brasil emprestou 7 bilhões de dólares para 13 grupos econômicos investirem na produção para exportação, enquanto os assentamentos não recebem investimento suficiente no ano passado.
As ações condenam também a criminalização dos movimentos sociais. No Rio Grande do Sul, o Ministério Público do estado aprovou relatório que pede a dissolução do Movimento. No Pará, o dirigente da CPT José Batista foi condenado a prisão por participar de protesto no Incra. O MST faz uma campanha contra a criminalização dos movimentos sociais e recebeu apoio de entidades, parlamentares, artistas e intelectuais do país e do exterior. “Queremos denunciar também o processo de criminalização dos movimentos sociais, que impede a discussão sobre o futuro da agricultura e enfraquece a democracia no país”, afirma Batista.