Sem Terra que ocupam o Incra em SP sofrem ameaça de despejo

Após alegarem “falta de recursos” em uma audiência com representantes do MST-SP, os representantes do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) ameaçam pedir a reintegração de posse do prédio. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra sempre se mostrou disposto a negociar com o governo federal, sem abrir mão de seus princípios e dos compromissos assumidos enquanto classe trabalhadora. Uma negociação onde o governo federal diz que quer “dialogar” e ao mesmo tempo ataca o movimento com reintegrações de posse e ameaças não é negociação, mas sim parte de um processo de criminalização dos movimentos sociais em curso no Brasil atual.

Na reunião realizada nesta segunda-feira (28/7) foram destacados três pontos essenciais para o avanço da Reforma Agrária em São Paulo: a melhoria das condições de vida nos assentamentos, que carecem de investimentos em infra-estrutura (água, luz, estrada), o assentamento imediato de 1.600 famílias acampadas, uma vez que algumas delas estão há pelo menos 5 anos vivendo embaixo de lonas pretas, além de assistência técnica e fomento à cooperação, agroindústria e agroecologia para garantir condições básicas na produção de alimentos.

O MST pretende com essa ação se defender diante da incapacidade do governo federal de fazer avançar no Brasil um verdadeiro processo de democratização do acesso a terra. A mobilização no prédio do Incra em São Paulo continuará até que seja realizada uma audiência com o presidente do Incra Nacional para discutir o orçamento da Reforma Agrária no país. “Estamos no Incra porque a Reforma Agrária não vem avançando em São Paulo, e o governo Lula não está cumprindo com as promessas feitas desde o primeiro mandato”, relata José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST.

Esse é o décimo primeiro dia que a sede do Incra permanece ocupada por cerca de 400 trabalhadores do MST, na capital de São Paulo. No mesmo período, os escritórios regionais do Incra nas cidades de Apiaí, Itapeva, Araraquara, Taubaté e Teodoro Sampaio também foram ocupados. Essas ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária e ocorre também em regiões do interior de São Paulo e outros estados do país.