Mais uma transnacional em terras brasileiras

A gigante CHS, empresa com 79 anos e 350 mil associados nos EUA acaba de incorporar em seus negócios a Coopermibra, empresa que atua no setor de grãos do noroeste do Paraná.

A transnacional pretende estabelecer um projeto de investimentos que supere US$ 1 bilhão. O Estado do Paraná não cenário por acaso. O avanço da CHS sobre a região é motivado principalmente pelos custos de produção, que estão entre os menores do país, e as condições logísticas ideais para exportações.

O coordenador da organização Terra de Direitos, Darci Frigo, explica que tais condições ideais que facilitam a instalação da transnacional têm base em um projeto de desenvolvimento que ignora as demandas da população brasileira. “É logística voltada para exportação em detrimento de uma logística voltada para a produção de alimentos e direcionada para o mercado interno, que articule a produção para os mercados locais”, pondera.

Darci aponta também que se por um lado os menores custos de produção estão relacionados à infra-estrutura, por outro se relacionam também com demais fatores como a super-exploração do trabalhador do campo. “A mão-de-obra agrícola é a que recebe a menor remuneração e é a que hoje está submetida às piores agressões em relação aos direitos humanos. Grande reflexo disso é quantidade de trabalhadores submetidos a um regime de escravidão no campo”, diz ele.

A empresa, que nos EUA é a terceira maior do setor de grãos, atua também nos setores de processamento de alimentos, energia, insumos e quer repetir essa cadeia aqui no Brasil. “Isso irá acirrar ainda mais o processo de ‘estrangeirização’ da economia brasileira. Vamos perdendo o controle da nossa economia ao passo que empresas como esta ampliam seu poder ao se inserirem em várias áreas de produção, aumentando ainda mais a nossa dependência. Isso mostra que não temos em âmbito nacional um projeto de apoio às empresas nacionais”, explica Darci.

Por enquanto a CHS vai atuar no Brasil tanto na produção de fertilizantes como no processamento de alimentos. A CHS, que já tem investimentos conjuntos com a brasileira Multigrain e com a japonesa Mitsui no oeste baiano na produção de grãos, processamento de óleos vegetais e planos para a produção de biodiesel e de álcool.

A parceria com a Coopermibra, que vai do fomento da produção à comercialização de soja e milho, deve se expandir para fertilizantes, sementes e agroquímicos.

A CHS tem como foco principal o Sul. O objetivo é aumentar seus negócios na região para crescer no país. Com custos menores na produção e nos gastos com logística que o Paraná oferece, a CHS destinará sua produção exclusivamente para exportação, mantendo foco na Europa e Ásia. E para fechar seu círculo de lucro, importará e comercializará para o agricultor brasileiro os fertilizantes e insumos que produz fora do país.