Sem Terra reocupam fazenda Alvorada na Paraíba
Na madrugada desta sexta-feira (05/09), cerca de 100 famílias do MST reocuparam a Fazenda Alvorada, localizada próximo ao município de Caaporã, região do litoral da Paraíba. Os Sem Terra do acampamento Ouro Verde, símbolo da luta pela Reforma Agrária na Paraíba, estão montando os barracos na sede da fazenda.
Em dezembro deste ano fará 6 anos que 40 famílias Sem Terra do Ouro Verde vivem embaixo da lona preta esperando a desapropriação da fazenda. Os acampados já possuem lavoura em 75% das terras da propriedade. Desde a morte do proprietário, há mais de 10 anos, a fazenda se encontra abandonada pela viúva e atual proprietária Maria do Carmo Vasconcelos que durante todo esse tempo não se interessou em produzir na terra.
A primeira ocupação ocorreu em dezembro de 2002, a parti daí se seguiram 4 despejos sendo um deles realizado de forma ilegal, durante a madrugada e sem mandato de reintegração. Na ocasião, quando um dos acampados exigiu para ver o mandato de despejo foi ameaçado de prisão pelo policial.
Depois de três despejos de dentro da fazenda, as famílias montaram acampamento numa área disponibilizada pelo assentamento Capim de Cheiro, local em que permaneceram até a reocupação ocorrida na madrugada de hoje. Durante o período que passaram na área de apoio pertencente ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a proprietária da fazenda tentou novamente despejar os Sem Terra, levando policiais para destruir o acampamento. Tentativa que foi impedida pelo Incra.
Mesmo estando acampados na área do assentamento, as famílias produzem dentro da fazenda, ocupando 75% das terras da propriedade com lavouras de mandioca, inhame, feijão, macaxeira, batata, milho, uma produção bastante diversificada que além de abastecer a mesa dos acampados ainda é comercializada nas cidades próximas, como Caapora, Alhandra, Goiana. De janeiro até o mês de julho, já foram colhidas 4 toneladas de Feijão de corda, 10 mil espigas de milho, 35 toneladas de mandioca, 40 toneladas de macaxeira e 80 toneladas de inhame. Toda essa produção não recebe investimento publico, visto que as famílias por serem acampadas não têm direito a créditos. A proprietária já tentou destruir a lavoura dos Sem Terra, contratando capangas e tratores para destruir a produção.
Essa fazenda é visada por varias usinas e grandes proprietários da região, que vêm na terra um bom local para a expansão da produção de cana-de-açúcar. Mas as famílias permaneceram acampadas na fazenda, resistindo e colocando em prática o projeto de agricultura camponesa com a produção de alimentos para a mesa do trabalhador brasileiro.
São seis anos de acampamento, e as famílias exigem providências para serem assentadas, mas para isso é preciso que o Incra nogocie a área com a atual proprietária. Quando forem assentadas, as famílias terão acesso a infra-estrutura ( como construção de casas) e investimentos para produção.
Os trabalhadores rurais permanecerão na área até providências sejam tomadas e a desapropriação seja realizada.