Solidariedade a Evo Morales
O integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, Egídio Brunetto, defende que as organizações populares devem sair às ruas para evitar um golpe de Estado contra o governo de Evo Morales. Brunetto classifica de "estratégia de guerra" a ação da burguesia boliviana, branca e estrangeira, instalada em Santa Cruz, em parceria com meios de comunicação, para desestabilizar o presidente e impedir a continuidade das mudanças .
O integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, Egídio Brunetto, defende que as organizações populares devem sair às ruas para evitar um golpe de Estado contra o governo de Evo Morales. Brunetto classifica de “estratégia de guerra” a ação da burguesia boliviana, branca e estrangeira, instalada em Santa Cruz, em parceria com meios de comunicação, para desestabilizar o presidente e impedir a continuidade das mudanças .
“Temos o dever de fazer uma grande mobilização em solidariedade ao Evo Morales para que ele consiga intensificar as reformas em favor do povo boliviano, especialmente o povo índio e mestiço que foram os grandes prejudicados nesses 500 anos. Agora se trata de fortalecer do governo de Evo Morales, que no referendo teve mais de 60%, ou seja, o povo está com ele e quer mudanças”, afirma o dirigente do MST.
Segundo ele, o governo brasileiro precisa atuar diplomaticamente em defesa da democracia na Bolívia, fazendo pressão inclusive sobre os Estados Unidos. “O golpe também tem participação dos Estados Unidos. O articulador do golpe é o embaixador dos Estados Unidos, que veio dos Bálcãs e ajudou a dividir aquela região”, disse Brunetto, em referência ao embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg, que foi expulso em meio à crise.
O embaixador se reuniu 15 dias antes dos ataques, a portas fechadas, com o governador Rúben Costas, de Santa Cruz, que faz oposição ao governo. Goldberg representou os Estados Unidos na Bósnia de 1994 a 2000 e no Kosovo de 2004 a 2006, incentivando o desmembramento da Iugoslávia. No ano passado, posou em uma foto ao lado de um paramilitar colombiano.
Abaixo, leia a entrevista com o dirigente do MST.
Qual deve ser a atitude das organizações de esquerda e democráticas diante do recrudescimento da violência da oposição contra o governo do presidente Evo Morales?
Nós, povos latino-americanos e organizações sociais, temos o dever de fazer uma grande mobilização em solidariedade ao Evo Morales para que ele consiga intensificar as reformas em favor do povo boliviano, especialmente o povo índio e mestiço que foram os grandes prejudicados nesses 500 anos. Agora se trata de fortalecer do governo de Evo Morales, que no referendo teve mais de 60%, ou seja, o povo está com ele e quer mudanças.
O que o governo brasileiro anunciou que não vai tolerar um golpe. O que governo do presidente Lula deve fazer para garantir a manutenção da democracia na Bolívia?
O papel do governo é usar a diplomacia e os recursos que a Petrobrás tem lá para impedir que se efetive o golpe. O golpe também tem participação dos Estados Unidos. O articulador do golpe é o embaixador dos Estados Unidos, que veio dos Bálcãs e ajudou a dividir aquela região. O Brasil também precisa pressionar os Estados Unidos.
Como os movimentos sociais podem ajudar?
O nosso papel é fazer a pressão popular para cima do governo Lula e fazer outro tipo de mobilização popular em favor do governo Evo Morales. O fundamental é que haja uma reação popular no Brasil, que as próprias organizações possam se manifestar e pressionar para que governo pressione a diplomacia da região, forçando a política de estabilidade na Bolívia.
Como você avalia as políticas do governo da Bolívia?
A eleição do Evo tem uma política clara de recuperação da soberania nacional, especialmente a recuperação do direito sobre os chamados hidrocarburos, que são petróleo e gás, mas também os minérios, e transformar esses recursos em recursos para o povo boliviano. Isso entra em choque com as grandes empresas petroleiras.
Quais as forças sociais têm interesse em derrubar o presidente?
A burguesia boliviana, branca e estrangeira, instalada em Santa Cruz, e todos os meios de comunicação, fizeram uma estratégia de guerra. É conhecida em Santa Cruz como utilizam as bandas de pobres, radicalizando a luta, matando gente e fazendo a paralisação forçada. Fizeram toda essa luta para dividir a Bolívia para se abonarem dos recursos, que são as terras públicas que ocuparam e não pagaram, especialmente os latifundiários brasileiros, e a burguesia branca.
Qual a importância da eleição do indígena e camponês Evo?
É importante entender a história da Bolívia. Há uma luta de resistência desde 1500. É um dos povos que mais resistem e que mais foram reprimidos pelos espanhóis. Nos últimos 50 anos, houve uma luta do povo boliviano quando elegeu, nos anos 50, um governo que nacionalizou as minas e fez a Reforma Agrária. A partir dos anos 70, a Bolívia foi um dos paises afetados na onda latino-americana de golpes, patrocinados pelos Estados Unidos.
Houve toda uma ofensiva de implementação das políticas neoliberais e acordos, como a entrega de minérios. A Bolívia foi o país onde mais se explorou minérios pelos paises colonizadores. O ultimo é o acordo vergonhoso entre os governos corruptos da Bolívia e Fernando Henrique Cardoso, que cedeu para o Brasil a exploração de gás e petróleo quase de graça da Bolívia.
Começou um novo processo de luta e ascenso de massas, baseado nas lutas camponesas, especialmente dos indígenas, cocaleiros e agricultores, que em mais ou menos em 15 anos elegeu o presidente Evo Morales, um líder camponês cocaleiro, É um líder latino-americanos das organizações camponesas.