“Reforma agrária deve ser defendida, política do Incra, não”

Da Radioagência NP

A divulgação da lista com os 100 maiores desmatadores da Amazônia Legal, entre 2005 e 2008, pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente), recolocou o debate sobre quem são os principais responsáveis pela destruição da floresta. No documento do MMA aparecem oito assentamentos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), sendo que seis deles ocupam os seis primeiros lugares da lista. (Leia esclarecimento do MST sobre o tema)

Estes assentamentos fantasma são responsáveis pelo desmatamento de quase 230 mil hectares da Amazônia, o que equivale a 44% do total da área desmatada pelos 100 maiores desmatadores. Porém, o professor de Geografia Agrária da USP (Universidade de São Paulo), Ariovaldo Umbelino, destaca que isto é fruto de uma política distorcida do Incra.

“A reforma agrária deve continuar sendo defendida, pois é o caminho para se chegar à soberania alimentar. Porém, a política do Incra deve ser severamente criticada pelo equívoco que ela contém, em não assumir a necessidade da reforma agrária em todo o país. A política de reforma agrária do Incra está marcada por dois princípios: não fazê-la nas áreas de domínio direto do agronegócio e, fazê-la nas áreas onde ela possa “ajudar” na expansão do agronegócio”.

Ariovaldo explica que em primeiro lugar estão os assentamentos Mercedes Bens I e II, implantados no norte do estado de Mato Grosso. Estas terras durante a ditadura militar faziam parte do projeto agropecuário da multinacional Mercedes Bens e, até hoje, são uma das frentes de expansão da pecuária de corte de bovinos. Agora, o agronegócio compra o terreno ou faz parcerias com os assentados. “Assim, a responsabilidade do desmatamento é do assentado e do Incra”, afirmou Ariovaldo.